Por Pamela Monteiro
Você já ouviu falar sobre o officeless? Na prática, o termo está associado ao processo de confiança na equipe a ponto de utilizar o trabalho remoto como opção principal, cobrando e avaliando o desempenho por cumprimento, qualidade e resultados das entregas. É um sonho para a maior parte da força de trabalho continuar com o regime híbrido após o fim da pandemia.
Segundo a Pesquisa Modelos de Trabalho realizada em 2024 pela Robert Half, 77% das pessoas entrevistadas desejam manter esse formato. 17% afirmam que gostariam de trabalhar de maneira totalmente remota e apenas 6% de profissionais afirmaram que gostam da forma completamente presencial. Isso certamente representa desafios significativos para as equipes de Recursos Humanos.
O mundo mudou, as relações de trabalho não são mais as mesmas e o perfil das equipes também sofreu alterações, exigindo que as práticas, crenças e valores das organizações também sejam revisados. Isso quer dizer que implementar o modelo officeless é uma ação que vai muito além de simplesmente migrar todo o time para o modelo remoto e fechar as portas do escritório.
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A contraproposta, geralmente, é uma prática prejudicial para profissionais. Portanto, a melhor estratégia é cuidar bem das equipes enquanto elas estão atuando na sua empresa. Para que tenham poucos ou nenhum motivo para olhar a grama do vizinho.
Com a popularização do trabalho remoto e a consequente quebra da barreira geográfica no mercado de trabalho, essa ação preventiva se tornou ainda mais necessária. Afinal, profissionais que hoje integram a sua equipe podem estar no radar de qualquer empresa do mundo.
Os recrutamentos remotos atraem profissionais com curiosidade para as entrevistas. Isso acontece pela facilidade de encaixar o bate-papo com pessoas recrutadoras entre uma atividade ou outra, diferentemente da época em que era preciso reservar um amplo espaço na agenda, considerando deslocamentos e a participação presencial nessas reuniões.
Além disso, seja qual for a vaga, considerando o modelo officeless, a organização precisa de profissionais flexíveis, com engajamento, resiliência, senso de urgência e foco em resultados, além da capacidade de autogerenciamento e das habilidades técnicas para desempenhar bem a função. Ou seja, a contratação precisa ser ainda mais estratégica.
No modelo officeless, talvez, para profissionais, faça mais sentido receber vale-alimentação no lugar de vale-refeição. É possível que desejem ajuda de custo para atividades de bem-estar em vez de crédito para estacionamento ou combustível. Isso apenas para citar breves exemplos de variações de desejos e necessidades. O ponto de atenção nesse tópico está em oferecer benefícios que possam ser desfrutados em qualquer parte do Brasil ou - em alguns casos - do mundo. Nesse quesito, as melhores práticas salariais do mercado também precisam ser consideradas.
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As pausas no expediente para o café ou as saídas em grupo para o almoço que existem no modelo presencial são excelentes momentos para aumentar a conexão entre pessoas, o que, de certa forma, contribui para que se conheçam melhor, aumentando a motivação e a colaboração. Com a equipe trabalhando de maneira distribuída, o desafio do RH está em criar espaços e momentos para esse contato humano, onde seja possível confraternizar e trocar informações e experiências.
No modelo officeless é fundamental garantir que as equipes tenham estruturas de trabalho adequadas, tanto do ponto de vista de móveis e equipamentos quanto de tecnologia. Além disso, é preciso garantir a implementação de soluções tecnológicas para a gestão de tarefas e a comunicação entre os times. É, ainda, necessário prover orientação quanto a otimização do tempo em reuniões on-line para garantir a fluidez do expediente.
Mesmo com a equipe trabalhando de maneira distribuída, é preciso garantir a continuidade da qualificação do time quanto aos processos internos e atualizações de conhecimentos. Além disso, é importante qualificar as lideranças no quesito gestão à distância e as pessoas lideradas com relação ao autogerenciamento.texto
Com o burnout sendo classificado pela OMS como uma enfermidade relacionada ao trabalho, o RH das organizações precisa encontrar uma forma de mapear corretamente o bem-estar mental e emocional de equipes, enquanto orienta lideranças sobre as boas práticas diante de ocorrências e oferece suporte a profissionais que necessitam de auxílio.
A questão é que, em uma pesquisa realizada pela Robert Half em parceria com a The School Of Life, 17,3% das pessoas entrevistadas afirmaram não sentirem liberdade para expor sentimentos e suas emoções no ambiente de trabalho, enquanto 12,2% disseram que essa liberdade diminuiu nos últimos 12 meses. À distância, o desafio dessa missão só aumenta.
*Pamela Monteiro é Business Manager na Robert Half
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