A cultura organizacional está longe de ser um tema apenas filosófico. Quando bem conduzida, ela se transforma em vantagem competitiva concreta, afetando diretamente os resultados financeiros e a longevidade das empresas. Essa foi a principal mensagem de Ruy Shiozawa, CEO do ecossistema GREAT PEOPLE & GPTW, no podcast Robert Half Talks.Em um bate-papo com Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half, e Evelin Santos, diretora de Recursos Humanos da empresa, Ruy trouxe reflexões essenciais sobre o papel do clima organizacional nas estratégias de negócios.Com quase três décadas de experiência na liderança de iniciativas voltadas à melhoria dos ambientes de trabalho, ele tem acompanhado de perto a transformação de centenas de empresas. E seu diagnóstico é claro: colocar as pessoas no centro não é mais uma opção, é uma estratégia de negócios.
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Cultura e clima: os pilares desempenho
Ao abordar os fundamentos da gestão de pessoas, Ruy foi direto: “colocar pessoas no centro melhora o resultado da organização”. Ele reforça que esse entendimento é sustentado por evidências consistentes acumuladas ao longo de anos de pesquisas e rankings conduzidos pelo Great Place to Work.Segundo ele, há uma distinção essencial entre cultura e clima organizacional. Enquanto a cultura representa o DNA da empresa, ou seja, suas crenças e valores, o clima reflete como esses princípios são percebidos e vividos no dia a dia pelos colaboradores. “A cultura é o que a empresa diz ser. O clima é o que as pessoas realmente vivem lá dentro”, explica.Essa diferença é crucial para entender por que empresas com culturas formalmente bem definidas ainda podem enfrentar sérios desafios de engajamento e produtividade.
A matemática do engajamento
Um dos pontos altos da conversa foi a forma clara com que Ruy relaciona clima organizacional e performance. Ele propõe uma reflexão prática: considere o valor da folha de pagamento, seja R$ 100 mil ou R$ 10 milhões mensais. Esse valor será pago de qualquer forma. A pergunta é: o investimento está sendo bem aproveitado?“O colaborador desmotivado custa o mesmo que o colaborador engajado. Mas o retorno é completamente diferente”, afirma. Ele destaca que, nas melhores empresas acompanhadas pelo GPTW, o cuidado com o clima permite extrair o máximo potencial dos times, sem aumentar os gastos fixos.Ou seja, o diferencial competitivo não está apenas em contratar talentos. Está em criar um ambiente onde eles possam florescer.
"O colaborador desmotivado custa o mesmo que o colaborador engajado. Mas o retorno é completamente diferente”, afirma Ruy Shiozawa.
Liderança: o elo entre cultura e clima
Durante a entrevista, Ruy dedicou atenção especial à figura do líder. Para ele, nenhuma transformação cultural se sustenta sem liderança preparada e comprometida. “Se o líder não vive a cultura, o clima desaba”, alerta.Ele afirma que o modelo tradicional de liderança baseada apenas em autoridade ficou para trás. Hoje, espera-se um líder que inspire, escute, dê autonomia e construa um ambiente de confiança.Ruy também ressalta que liderar bem não significa ser permissivo, e sim coerente. “Não adianta ter um pôster dizendo que a empresa valoriza o respeito se o líder direto é agressivo ou indiferente.”
O custo silencioso dos ambientes tóxicos
Embora o foco tenha sido positivo, Ruy também abordou os riscos dos ambientes mal geridos. Empresas que negligenciam o clima organizacional enfrentam perdas silenciosas, mas profundas: alta rotatividade, absenteísmo, queda de produtividade e danos à reputação.“Em ambientes de medo ou desconfiança, as pessoas se protegem e não inovam”, afirma. E lembra que as novas gerações exigem cada vez mais transparência, propósito e qualidade de vida no trabalho. “Os jovens não querem só um salário. Eles querem um lugar onde possam ser ouvidos, crescer e fazer diferença.”
Da escuta à ação: o caminho da transformação
Para Ruy, transformar o clima começa por um passo simples, mas desafiador: escutar de verdade. Muitas empresas ainda tratam pesquisas de clima como mera formalidade. “Escutar e não agir é pior do que não escutar”, adverte.A boa notícia é que não é necessário fazer uma revolução. “Comece ouvindo a equipe, ajustando processos, reconhecendo quem faz bem-feito. Pequenas mudanças podem gerar grandes impactos.”Ele encerra com uma provocação poderosa: “Se as empresas cuidarem das pessoas com a mesma atenção que cuidam de seus clientes ou resultados financeiros, verão esses resultados melhorarem naturalmente.”Em um mundo cada vez mais complexo e competitivo, cuidar do clima organizacional deixou de ser um diferencial para se tornar uma questão de sobrevivência. Afinal, como resume Ruy: “Gente feliz entrega mais. E entrega melhor.”
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