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[Música] Olá, seja bem-vindos a mais um episódio da Robert Hef Talks. Eu sou Ana Guimarães do time de Executive Search na Robert Heff. Hoje eu e o meu colega Miller Gomes temos o prazer de receber Rutmanos. Obrigada, Miller. Prazer é meu, Ana, de estar aqui na mesa com vocês e trocar um pouquinho de de experiência, aprender com vocês. Nossa convidada, Rutmanos, é advogada, diplomada em liderança feminina pela Escola de Business da Universidade de Aestre em Direito do Trabalho, autora de nove livros e ainda se prepara para mais um grande lançamento. Rute, muito obrigada por aceitar o nosso convite. Seja muito bem-vinda a esse nosso episódio. Oi, gente. Muito feliz de estar aqui com vocês mais uma vez, né, depois da palestra e tenho certeza que vai ser uma conversa gostosa, daquelas que o tempo passa voando. Com certeza. Acho que o tempo vai ser eh necessário a gente dar uma esticada, dado que a gente tem um monte de assunto aqui. Mas eu já vou começar com uma pergunta. Quem cuida de quem cuida? a gente tá muito interessado, eh, e temos diversas discussões sobre esse tema, eh, e, e é um tema que você levanta nas suas palestras. Muito se fala em partilhas de responsabilidade, nos cuidados familiares, domésticos e e é estatístico e universal. As mulheres seguem sendo as protagonistas nessas áreas, mesmo quem eh trabalha fora eh e também cuida da casa, né? Queria saber, Rute, quem cuida, de quem cuida, o que que avançamos e o que podemos ainda conquistar para superar esses desafios. Você sabem qual que eu acho que é o maior problema? É que em geral eh nem a gente cuida da gente, né? Nós enquanto cuidadoras muitas vezes nem cuidamos de a gente nem cuida de nós mesmas. Quem nunca ouviu alguém falando: "Ai, meu checkup tá super atrasado". Nossa, nem sei. A última vez que eu fiz exame de sangue, fiz uma mamografia, se fiz o Papa Nicolau, né? Não tem tempo de fazer terapia. Eh, e por aí vai. Eh, eu acho que tem muitos problemas acumulados. Aí a gente tem um problema conceitual, né, da gente se colocar no final da fila, vem tudo antes, trabalho vem antes, filho vem antes, casa vem antes, o vazamento da cozinha vem antes, né? É, eh cuidado com os pais, com com os idosos, vem antes, o cachorro vem antes, porque a gente foi ensinada que a gente tem que ser generosa, que a gente tem que ser eficiente, né? E e a gente não foi ensinada que esse cuidado é uma coisa boa. Acho que a gente veio muito, né, aprendendo isso aos poucos. E ainda assim, como eu disse na palestra, acho que ainda confundem muito a gente dizendo que autocuidado é skincare, fica passando creme e não é isso. Eh, então acho que o primeiro ponto é a gente entender que a gente precisa cuidar de si mesmas e eu acho que mudar muito a forma eh como a gente lida com as nossas famílias principalmente, eh na qual os homens precisam ser cuidadores da gente também. E acima de tudo, se vocês simplesmente não derem trabalho, a gente já consegue cuidar muito mais da gente. Se a gente não track ficar atrás do marido com uma foice, porque ele não foi no cardiologista depois de ter uma dor no peito, se a gente não tivesse que ficar atrás do marido para falar, leva a criança para tomar vacina, porque a carteira tá atrasada, se a gente tivesse pelo menos uma funcionalidade da família para desbloquear o tempo pra gente cuidar da gente, a gente não tá nem pedindo para ninguém ficar atrás da gente perguntando se a gente fez mamografia. Se puder, melhor ainda, né? Eh, mas a gente precisa reestruturar tudo isso porque a conta não tá fechando em nenhuma casa. E, e engraçado porque quando você fala eh do skincare e tudo mais, né, a gente tá falando de coisas que tão fora do que a gente entende que são as ações eh que a gente pode ter no dia a dia que permitem um avanço nesse desequilíbrio, né? Então, quais são essas pequenas ações que você imagina eh que pode permitir que a gente tenha um equilíbrio melhor dessa divisão de tarefas, né? Depois até quero também ouvir um pouco o Miller, né? Porque ele como eh pai, marido, também trabalha, né? Como que ele dá suporte, né, para pra esposa, enfim, em casa. Então, eu queria primeiro te ouvir, Rute, nesse sentido. Eh, e depois eu queria que o Miller contasse um pouquinho como incluir, né, os homens na rede de apoio. Eu acho que a primeira coisa, eu falo sempre funciona, é diálogo, né? E eu sempre eh convido as mulheres a pensarem e a gente ter conversas em momentos de calma, porque normalmente a gente só tem essas conversas quando a gente já tá muito brava, muito cansada, exausta, vira briga e aí, né, as pessoas da nossa família, seja companheiro, companheira, filho, filha, mãe, pai, não sei com quem cada um mora, eh, geralmente as pessoas ficam na defensiva, eh, né? E eu brinco que muitas vezes vira um ping-pong, ah, mas eu tô cansada disso, ah, mas eu que fiz isso, mas eu ganho tanto, mas isso não leva ninguém a lugar nenhum. Então, ter conversa em momentos de calma. Eu sempre, né, eu falo que eu gosto muito ainda da ideia de escrever pro para as pessoas escrever, não sei se é uma carta no papel, mas mesmo que você escreva uma mensagem longa no WhatsApp, eh, pro, pro seu companheiro, de repente falando: "Olha, tá puxado para mim meu dia hoje eu fiz isso, fiz aquilo, fui ali, vist se tinha roupa, vist se tinha fralda, não sei o quê, n." Para mim tá muito difícil, né? Eu preciso e e eu acho que às vezes a gente quando a gente escreve, a gente pensa no que a gente tá fazendo. Quando a gente manda pra pessoa, a pessoa é obrigada a te ler até o fim, ela não pode te interromper porque você não tá lá. E é obrigada a ficar com aquilo digerindo um tempinho. E eu acho que isso não precisa ser sempre numa onda de briga. Eh, eu sempre falo que os homens também são vítimas do sistema no qual a gente vive, né? Eles também não foram muitas vezes criados, educados e não são socialmente educados para fazer esse papel porque eles se comparam com os amigos deles que normalmente são mais toscos do que ele. Desculpa, Miller, mas a verdade é essa. Todos vocês têm amigos que eh sabe, não são presentes com os filhos, não pagam pensão. Todos vocês têm algum amigo que é é totalmente irresponsável em termos emocionais. E aí você se comparando com esse padrão, é óbvio que os homens falam: "Não, mas até que eu sou legal, porque eu chego em casa, eu pego a criança uma vez na semana, eu tô no grupo, eu tenho, eu abri o Clesep essa semana, né?" Então assim, por pouco que se faça, às vezes vocês têm a sensação de fazer muito, porque vocês estão se comparando com um termo muito muito ruim, né? Que são os outros homens. Então, eu acho que eh o diálogo é a primeira ferramenta que a gente tem para dizer: "Tá difícil para mim e eu preciso que a gente redistribua, né? né, que eu preciso de ajuda, como eu já disse na palestra, mas eu preciso que a gente redistribua essas incumbências nessa casa. Até acrescentando a minha opinião aí, né, Ana e Rut, eh, eu sou de origem, eu sou nordestino, né, então nasci no interior da Paraíba, numa cidade chamada Caszeiras. Então, vocês imaginam que a criação seja no nível mais alto do machismo que a gente possa existir, né, eh, natural. Então, a gente aprende e reproduz. Só que ao longo do tempo eu vim para São Paulo, vim muito novo, fiz psicologia, então sou formado em psicologia, a gente vai mudando a nossa ideia de mundo e etc. E a gente vai construindo os nossos as nossas próximos valores e ideias sobre o que é certo ou não, né? E aí a Rute falou de comunicação. Acho que talvez por essa história, por ter feito psicologia ou por qualquer outro motivo que seja intrínseco aqui a nossa conversa, eu tenho uma cultura com a minha esposa que é o café das 6, das 6 da tarde. Então no dia que eu tô de home office, a gente consegue fazer às 6, mas o dia que eu tô no escritório é às 7, 7:30, mas a gente para eh hoje com o Té, que é nosso filho, né? tem um ano aí eh do nosso lado, mas é um momento pra gente conversar e não só se tiver algum problema, às vezes é como foi teu dia e etc a gente ajustar os ponteiros, né? Mas eu queria muito eh eh ter a ajuda da Rute aqui, porque é uma conversa que eu tenho muito com a minha esposa, né? Porque eu eu por coincidência do destino, eu conheci um livro que se chama Como ser uma família extraordinária. E eu não vou dar spoiler do livro, mas basicamente é um pai que ele acha que ele é fantástico porque ele faz as coisas em casa, mas no dia que ele não tem mais a esposa dele junto, ele percebe que ele não era nada disso, porque ele não pensava nas coisas. Então, ah, passa no mercado e compra banana e maçã. Aí chegou em casa, a esposa falou: "Mas você não trouxe coentro?" "Pô, mas você não avisou" e tal, mas quem que pensou no que que faltava? Quem pensou no que ia ter que cozinhar para poder ter que ir no mercado comprar? Então ele não parava para pensar nisso. Então a gente traz no dia e eh tenta implementar isso aqui em casa. Mas eu ainda percebo, Rut, aí eu queria a tua ajuda nesse sentido, que a cobrança aqui em casa é da minha esposa com ela mesmo. Então vou dar um exemplo recente. Sábado agora ela foi eh fazer um procedimento estético, se cuidar. Ela voltou e falou: "Nossa, amor, eh, eu me senti culpada fazendo". Aí eu falei: "Mas como assim, amor?" Ela falou: "Não, e eu falei pra minha psicóloga que ela também faz terapia, né?" Eu falei: "Nossa, eu me sinto culpada quando eu tô fazendo alguma coisa que é para mim, me cuidando". E aí a minha psicóloga perguntou: "Mas o teu marido, ele ele solta alguma frase? Ele fala alguma coisa que pode ser que que você sinta essa culpa?" Ela falou: "Não, muito pelo contrário, meu marido que me empurrou para eu poder ir fazer e etc." E aí eu fico pensando em como, porque eh não tem como, a gente pode ter empatia, se imaginar no lugar do outro, mas a gente nunca viveu o que o outro viveu, né? Então como que eu posso eh de alguma forma contribuir para que esse peso, essa culpa seja menor? Alguma ação e aí fica como dica para todos os homens que estão ouvindo esse podcast também, o que que a gente pode fazer eh dentro da nossa responsabilidade ou dentro do nosso dia a dia que possa contribuir para que eu fiquei eh desconfortável quando ela falou que sentia culpa. que que eu posso fazer para que esse esse sentimento não seja teu, como que a gente pode melhorar isso? Então, tô aqui pedindo a tua ajuda, Re. Que legal, que legal. E e eu me identifico muito com isso, né? Porque eu tenho um marido que é como você, é participativo e e que sempre me incentiva muito do tipo, cara, vai, sei lá, se precisar, tira o fim de semana para trabalhar, né? Eu tô escrevendo livro novo. Ele fala: "Não, eu me viro aqui com os meninos agora não, porque ele tá fora 40 dias, né?" Mas, eh, em geral isso funciona assim. Mas tem uma um fator que vai para muito além da nossa família, né? A gente tem um negócio chamado inconsciente coletivo. A gente tem eh uma pressão que ela vem de fora, né? Então vem desde o olhar que a gente recebe na rua, desde quando você tá num, né, sei lá, você tá fazendo a unha, alguém te pergunta: "Mas com quem tá o seu filho?", né? e que muitas vezes não é mal intencionado, mas isso vem de fora, mas a gente passa a ter isso como uma patrulha interna. Então, eh eh eu sei perfeitamente isso. Eu lembro eh de que antes mesmo de eu ser mãe, né, quando eu tava no meu primeiro casamento e eu era madrasta da Francisca, que um dia a Vitória, que era a nossa empregada lá em Portugal, ela virou para mim e falou assim: "Rute, eu não vou guardar a sua mala no maleiro porque eu sei que falta muito pouco para você usar de novo". Porque eu vivia essa vida assim, eu vinha para cá, trabalhava, ia para lá, não sei o quê. E eu lembro que aquela frase, ela ficou para mim num lugar de dor, sabe assim? Eu sei que você tá sempre de saída de novo. E eu acho que isso eh ninguém tava reclamando, né? Claro que as crianças falam: "Mas você vai de novo? meu ex-marido também não reclamava e tal, mas tem um lugar de uma patrulha nossa que é muito difícil da gente da gente se livrar dela. E aí eu acho que assim, tem uma dica, né, que eu eu dei, eu repito em relação à palestra, que é tomem muito cuidado com o conteúdo que vocês consomem, sobretudo em rede social, porque quando você tá eh eh consumindo o o conteúdo daquelas mães e que acho maravilhoso que tenha várias influenciadoras que eh não trabalham fora de casa e são mães em tempo integral, mas você vai se pautar nessa mãe, essa realidade parece com a sua, né? Eh, e aí você tem as mães que ai são bem-sucedidas e maravilhosas. Aí você vai comparar o seu corpo com ela, aí você vai comparar a sua forma de vestir o seu filho com a dela. Então assim, como a gente se intoxica com aquilo que a gente consome, mas em relação aos maridos, companheiros, pais, eh o que eu acho que é uma frase que para mim eh eh eu andei pensando muito nisso e por que que na minha relação com o meu marido, né, eh quando ele está em casa e não está viajando na Coreia, eh por que que funciona? Por que que a gente não briga? Eh, e tem uma coisa que eu falo, ele se antecipa. Eu acho que essa expressão, se eu pudesse que os homens levassem uma coisa, é se antecipe. Não espera alguém te pedir alguma coisa. Porque quando alguém te pediu alguma coisa, é porque você já não tomou iniciativa, né? Não, não pergunte: "Ai, você quer que eu coloque a louça na máquina?" Coloca a louça na máquina. Não pergunte do tipo: "Ah, você quer que eu dê banho na criança?" Pega a criança no colo e fala: "Ó, vou vou tomar banho. Fulano, fulaninho vai tomar banho comigo". ou vou dar banho no fulano, né? Eh, se você sabe que qual é a hora do do jantar das crianças, simplesmente vai pra cozinha e executa, né? Eu acho que eh eh quando a gente fala em voz alta, você quer que eu façaã? Tudo isso vai dando para quem ouve uma sensação de ah, pode ser, mas você não quer que eu faça não, obrigado, mas você não tinha que fazer uma reunião? E quando vocês simplesmente fazem, eu acho que isso muda muito a a a as coisas, mas isso depende também das mulheres não ficarem numa posição controladora de, ah, mas ele não ia tomar banho agora. Ah, mas ele tinha que comer o brócoli, ele não tinha que comer a cenoura, né? Aí também tem um exercício nosso de entender, e falamos sobre isso na palestra, que é a capacidade de delegar, de entender que uma coisa feita de um jeito diferente do seu não é uma coisa feita de um jeito errado. Eh, então acho que é tudo isso junto. E eu acho que depois de muitas vezes que uma tarefa é feita por outra pessoa, a gente naturaliza. Então assim, se todos os dias o pai da criança assume que busca a criança na escola, depois de um tempo essa mulher desbloqueia esse tempo da agenda dela, né? Se todo dia o pai assume a criança para dar jantar e banho, se todo dia o pai é quem coloca a criança para dormir, a mulher para de se sentir culpada, porque ela para de sentir que ela te pediu, ela começa a sentir que aquele tempo é efetivamente dela, né? A gente se apropria do próprio tempo. Ô Rut, eu tenho uma eu tenho algumas perguntas, mas uma delas tá linkcada aí com o que você tava falando, né? E eu vou trazer um pouco de exemplo até do que eu vivi com meu marido, assim, eh, a gente, a gente também tem uma relação excepcional, ele ajuda super, eh, cozinha super bem, ele gosta de fazer isso. A gente tem momentos em casa, eh, ao longo da semana e de final de semana, é para isso que são momentos de descompressão. Mas, eh, antes da Helena nascer, eh, a gente não tinha os combinados, nenhum combinado de nada. Ah, eh, quando o neném nascer, eh, você vai ficar acordada, você vai levantar porque eu vou, vou amamentar, ou porque a minha noite de sono, ou porque se depender do dia que eu passei, você que levanta e você que faz, e porque eu fiz tal coisa, você faz a outra coisa. Então, eu percebi que eh quando os casais ficam se planejando muito de forma antecipada o que que um tem que fazer porque o outro já fez e aí é é como se fosse uma recompensa, um dando recompensa pro outro, a coisa não vai bem. A gente fluiu de forma natural. Então assim, eh, eu fui dormir um dia um pouco mais cansada. A Helena chorou à noite, ela praticamente dormia 12 horas assim, incrivelmente desde o segundo mês. Então eu não tive esse problema do noturno, mas por alguma razão eu tinha. Ele via que eu tava cansada, mesmo não tendo voltado ainda pro trabalho, eh, ele levantava e não tinha aquela coisa, ah, eu vou levantar agora, então se me deixa dormir até mais tarde no dia seguinte, porque eu levantei não existia isso. Mas eu entendo que em algum momento tem um descompasso dessa conversa no casal. Concorda? Concordo. E eu eu já vivi muito isso, né? Eu eu no meu primeiro casamento e não tô falando mal do meu ex-marido não, porque a gente até foi tomar um café recentemente, a gente é amigo, mas a gente tinha um casamento no qual eu falava que a gente passava faturas e recibos. Então assim, mas eu guardei as compras, mas eu não sei que lá, mas você ontem não foi fazer isso, mas e esse é um caminho muito ruim, né, gente? Porque a gente sai de um campo de parceria e de afetividade para entrar num campo de cobrança. É claro que eh é muito fácil falar que a gente não precisa cobrar quando a gente tem alguém em casa que faz, porque se a pessoa que vive com a gente não faz, a gente não tem opção se não cobrar, né? Então acho que aí a gente precisa de uma conversa muito de base, porque eu falo que a cobrança ela é o paliativo, né? Ela parece um zumbido assim e que não é inevitável a gente fazer isso, mas se a gente não sentar para uma conversa profunda sobre a partilha em si, sobre a dinâmica da família, não adianta, porque vai ficar sempre nesse lugar de atrito e nunca lugar profundo de solução. Eh, então acho que esse é um ponto interessante e eu acho que que especialmente nas famílias, gente, o guia tem que ser o afeto, sabe? Porque se a gente não é capaz de olhar pra pessoa que tá com a gente e pensar do tipo, eu gostaria de fazer uma coisa gentil por essa pessoa, eu gostaria de poupar essa pessoa de uma coisa chata, eu acho que a gente tem que voltar para essa raiz. Tem uma frase da Rup Caur que eu acho muito bonita e que para mim foi um guia muito no no meu segundo casamento, que é esqueça tudo que já te disseram sobre o amor e comece apenas pela gentileza. E eu acho isso muito bonito, porque se a gente tiver uma coisa só ser gentil com as pessoas que vivem com a gente, então do tipo, cara, se é um dia que você vai levar uma flor, se é um dia que você vai levar uma coisa que a pessoa gosta de comer, se é um dia que você vai virar pra pessoa e falar assim: "Olha, né, sei que você tá estressado, não sei o quê, vai tomar um banho com calma, vai ouvir uma música, deixa que eu assumo aqui, eu tô bem hoje." Eu acho que esse lugar ele é tão precioso nas famílias. E muitas vezes ele vai sendo soterrado por um cansaço que geralmente tem razão de ser, né, mas que não leva para rumos bons. Muito bom. E Rute, em outras entrevistas você menciona bastante a questão eh da dualidade da cobrança, né, que a mulher recebe para ser mãe. E aí após isso, né, vem a questão da gravidez. E a gravidez ela no mercado de trabalho precisa ser invisível. Eh, eu eu tive assim momentos fantásticos. Eu trabalhei eh até um dia antes de Helena nascer. Eh, consegui comparecer a todas as consultas, compromissos, assim, nunca tive nenhum tipo de problema, mas a gente percebe que a maioria das mulheres têm uma dificuldade para comparecer as consultas, outros compromissos, né? como que a gente pode promover um ambiente mais saudável no mercado de trabalho para que a maternidade não seja um tabu eh durante a maternidade e no retorno da licença maternidade também, né? Eh, eu acho que a gente precisa repensar toda forma que a gente lida com o feminino no ambiente de trabalho. Eh, a gente sabe, né, que todo o ambiente corporativo ele não foi projetado para mulheres. E isso vai desde, eu falo desde a temperatura do ar condicionado, né, que que é estipulada por estudos pro conforto do corpo de um homem de 40 anos e 80 kg. Eh, e não pro nós, por isso todo mundo fica com casaco e tal. Mas são muitas coisas que não foram pensadas para receber uma mulher. Eh, e aí eu acho que tem muitos assuntos, é muito interessante como muitos assuntos que envolvem a nossa vida de ser mulher todos os dias. Por exemplo, menstruação, por exemplo, cólicas, por exemplo, eh, questões reprodutivas. Então, desde um problema com método anticoncepcional até, né, tentativas de engravidar, passando pela gravidez, passando pelo parto, pelo puerpéreo, chegando à menopausa, são assuntos que são gigantes dentro da vida de uma mulher. Gente, eu sempre falo disso porque é é impressionante como a gente vê séries com sangue o tempo todo. Todos nós vemos. A gente vê Game of Thrones, a gente vê Breaking Bad, a gente vê, sei lá, que série que voa sangue para tudo quanto é lado. E quando a gente vai falar de menstruação, ai ui ui, que nojo, não pode falar. Então assim, vamos começar daí. Se você ver sangue nessas séries, a gente pode falar sobre menstruação. E eu sempre falo que eh menstruar é um negócio que a gente naturaliza, mas é tão difícil. Quantas de nós, a gente já trabalhou e fez reunião com cólica, né, com dor de barriga que dá no primeiro dia da menstruação, com medo de levantar na hora da cadeira e de ter um vazamento. E por que que isso é invisibilizado se isso está acontecendo todos os dias com dezenas, com centenas de mulheres dentro da empresa? E por que que a gente tem tanto medo de falar isso? Por que que a gente fala que ai não, ah, tô com dor de cabeça, tô com resfriado, em vez de falar, ah, eu tô com cólica menstrual. Então, assim, tudo que é relativo ao feminino, né? E acho muito legal o movimento que você tá tendo de falar sobre menopausa agora, de falar sobre os calores da menopausa. A gente precisa naturalizar isso no ambiente de trabalho. Eh, então acho que esse esse é um ponto essencial. Eh, porque se a gente naturaliza falar sobre temas da vida de mulher no ambiente de trabalho, a gente consequente naturaliza falar, né, quando for pertinente falar sobre questões reprodutivas. E aí eu faço um parênteses que eu sempre falo, planejamento familiar não é papo de boteco, né? perguntar para uma mulher: "Ah, mas você não quer ter filho? Você não vai ter filho?" Gente, isso não se faz. Ponto. Ai, mas é minha não se faz. Você não sabe se esse é um tema profundamente sensível. Geralmente é. Geralmente é porque ou essa mulher não sabe se quer ter filhos. Isso é uma questão existencial difícil, que é o livro novo que eu tô escrevendo sobre ter ou não ter filhos, sobre angústia de de ter essa dúvida na vida. Eh, você não sabe se essa mulher tá atravessando um problema familiar, né, porque o marido quer, e ela não quer, ou porque ela não tem marido e gostaria de ser mãe, ou porque 1 questões. Você não sabe se essa mulher tá tentando há anos ser mãe. Você não sabe se essa mulher teve uma gravidez interrompida de forma natural na semana passada. Você não sabe se ela tá grávida e como eu estive na minha gravidez, eu vinha do luto do meu pai muito recente, né? E eu estava grávida e com síndrome do stress póst-traumático. Então eu achava que eu ia perder o bebê direto. Assim, para mim era um dado adquirido que eu não ia até aquilo até o final. Eu fui contar nas redes sociais que eu tava grávida com se meses. Então esse é um tema sensível sempre, né? As mulheres precisam sentir à vontade para falar sobre isso, mas para elas sentirem à vontade, a gente tem que sentir que o ambiente acolhe o feminino de um modo geral, mas elas não podem se sentir pressionadas a falar sobre isso, né? É, é uma linha tênue, mas que a gente tem que entender que existe, não? Super. E, e aí quando a gente olha para aquela eh, né, aspas, eh, a mãe eh, tem que dar conta de tudo, né, ou romantizar aquela questão, a mãe que dá conta de tudo. Eh, eu, eu tenho algumas amigas, enfim, e que elas se sentem assim, né, que dá conta, que vai, que faz, que planeja, enfim. Você você acha que você acredita que atrapalha, né, esse essa frase atrapalha eh a construção aí de políticas mais justas para as mães no mercado de trabalho, né? Como que você acha que a gente pode desconstruir essa ideia sem gerar ainda mais culpa, né? Porque assim, eh, eu recebi a indicação de de um livro eh de um de um amigo que foi apresentado por uma querida amiga também. Eh, e o nome do livro é assim, tá tudo bem, não estar bem, né? Então assim, tá tudo bem, não tá tudo bem, né? Eh, então não romantizar isso. Eu quero entender um pouco dessa da dessa questão, né? Mãe, ela tem que dar conta de tudo, né? Como que a gente eh desconstrói isso? É, isso é um tema que dá pra gente ficar. Ainda bem que eu vou voltar para falar de maternidade com vocês, com mais calma, porque dá para fazer um tratado sobre isso. Mas, eh, eu tenho problemas com o conceito de meritocracia em qualquer escala, né? É, é um conceito para mim muito complicado, porque a gente, como é que a gente vai falar em meritocracia quando a gente tem vidas tão diferentes. Eh, e pra maternidade, gente, eh, eu acho que é essencial entender isso. Uma de nós tem uma rede de apoio incrível, outras não têm. Outras de nós têm um corresponsável. sempre falo, o pai não é rede de apoio, o pai é corresponsável, é outro setor, né? Algumas de nós tm um pai corresponsável, presente e firmeza que tá lá, né, fazendo corre com a gente. Tem outras que t um zero à esquerda. Tem umas de nós que são separadas, outras não são. Então assim, como é que a gente vai colocar a maternidade toda num mesmo balaio e dizer que ai não, quem quer consegue, tá? Tá tudo errado. Tá tudo errado. E aí eu acho que a gente tem coisas eh muito muito superficiais. a forma como a gente olha paraa maternidade, né? Então assim, e como a gente tá num tempo de redes sociais, em que as pessoas postam os recortes que elas querem, eh, a gente consome uma narrativa construída. Então, aquela sua amiga que você fala: "Nossa, mas ela é incrível. Você vê todo fim de semana, ela tá linda e plena, fez baby le, tem foto, a criança tá fofa. Meu Deus, que coisa linda." E ela trabalha, gente, que magia. O que é isso? E ela e o marido parecem um casal feliz, sensual e e você fala: "Meu, é só na minha casa que tá tudo errado. É só na minha casa." Por quê? Porque a nossa narrativa é a única que a gente conhece de ponta a ponta, é a única que não tá editada. Todas as outras estão editadas, seja pelos stories ou seja pelo que a pessoa conta no ambiente de trabalho, na mesa do bar ou do restaurante, né? É, é a famosa frase, todo mundo vê as pingas que eu tomo, ninguém vê os tombos que eu levo. E talvez o que a gente transpareça na nossa maternidade, na nossa vida, para outras pessoas pareça que é dos sonhos. Porque a gente não posta, gente, fralda que vazou em geral, né? A gente não posta eh o dia que a gente tá aí no bateoca falando: "Eu fiz isso, você fez aquilo". Essas coisas todas são editadas. Então, eu acho que existe uma grande eh narrativa falsa sobre tudo isso e isso vai criando pra gente patamares inatingíveis. Eu acho que isso vem potencializado, e eu gosto de falar sobre isso, sobre um movimento que a gente tá vendo e de as famosas pred wives, né, as esposas tradicionais ou as esposas troféu ou eh as mães em tempo integral, full m full time mom e que tudo bem se alguém quiser ser isso. Mas o que que a gente tá consumindo e achando que é ser uma boa mãe? Ser uma boa mãe é fazer mês versário com bolo de três andares. Ser boa mãe é ter rotina para tudo. Ai, a rotina de cuidado, a rotina de não sei o quê, a rotina de leitura, a rotina de banho, a rotina noturna. Isso é muito chato. Eu não quero ser essa mãe, eu não quero. E aí a gente começa a se projetar num tipo de maternidade que a gente nem se perguntou se é o que a gente quer, mas que a gente considerou que é o que é ser boa, né? Então eu sempre falo isso. Eh, a minha relação com Joaquim é uma relação muito falha se ela for olhada por essa ótica, porque outro dia meu filho jantou, né, um pedaço de pão e e uma fatia de presunto e eu falei: "Ah, ele vai tomar mamadeira, tá tudo bem, entendeu?" Hoje para est aqui gravando com vocês, eu acabei de comer o jantar dele porque eu cheguei atrasada e eu falei: "Deus sabe o que ele jantará". Entendeu? A gente vê, a gente descobre. Ela é muito falha por essa vista, né? Meu filho ainda não toma vacina da gripe. Ai meu Deus. Mas no campo do riso e do afeto, a gente dá risada, né? Ele sabe que eu tô aqui. E o que mais a gente precisa, além de riso e de presença. E a presença que nem sempre é o tempo todo que a gente queria dar, mas que muitas vezes é, né? Acho um, é um clichê, mas é é a qualidade do tempo, né? é você saber deixar o celular do lado de fora e ter 10, 15 minutos de atenção plena com uma criança. Exato. E falando de presença e também, né, de exemplo, Rute, eh eu ao longo, né, da carreira aqui na Robert, né, nos 17 anos, eu fui me conectando, ã, fortemente com com líderes, mulheres, né? Eh, e ao longo desse período, assim, eu tenho algumas que são pessoas que eh são exemplos de liderança feminina para mim e que viraram inclusive amigas, né? A gente se encontra para almoçar, para tomar café, às vezes a agenda tá muito louca e e a gente fica um tempo sem se encontrar, mas quando encontra assim, é sempre uma delícia, né? E eu percebo que às vezes a falta de exemplo de liderança feminina pode fazer com que líderes mulheres acabam reproduzindo comportamentos naturalizados ao longo do tempo, sobretudo eh por líderes homens, né? Então como romper esse ciclo e criar novos padrões de liderança? Isso é super importante, né? É primeiro porque é isso, assim, eu acho que eh a gente eh o espaço que a gente ocupa hoje enquanto mulheres no ambiente de trabalho, ele foi aberto por outras mulheres e eles foram abertos. Se a gente olhar para as gerações, talvez, das nossas mães e quem tem alguma mulher eh que esteja no mundo corporativo de alguma forma, uma mulher aí que esteja geralmente acima, né, dos 60 anos, a gente vê que as lideranças que elas eh representaram foram muito masculinizadas porque era a única forma, né? Não tô falando que são todas, mas de um modo geral eh é uma coisa de sobrevivência. Elas não podiam ficar falando sobre maternidade. Ai não tem lugar para amamentar na empresa. Os caras não queriam nem que ela tivesse na cúpula, né? Então assim, ou elas se rendiam a esse rolê ou elas não iam durar. Então assim, elas eh elas correram pra gente poder andar. Então acho que primeiro entender isso, né? Que muitas vezes a gente critica algumas lideranças, né, especialmente mais velhas do que a gente, porque elas não entendem, acolhem e tal, mas elas tiveram que sobreviver nesse lugar. Aí eu acho que a gente passa por uma transição de entender que hoje a gente começa a ter liberdade para falar de outros temas, mas é fundamental que a gente tenha mulheres nessa posição de liderança para pensar nisso, né? Eu sou muito amiga, até tava feliz que eu vi uma entrevista dela na no Wall esses dias da Nani, que é a CEO da Mall, né, que faz os reality shows, MasterChef, Big Brother e tal. E eu nunca esqueço, uma vez, sempre conto a história, a Nani chegou no aniversário do meu marido e eu vi que ela tava fora do ar. E aí eu virei, falei: "Nani, que que foi que você tá preocupada?" Aí ela falou assim: "É que eu acabei de me tocar que uma das diretoras, sei lá o quê, me falou: "Nani, eu vou sair um pouco que eu vou tirar leite". E ela falou: "Ah, tá bom, vai com calma". Ela é mãe também, falou: "Fica tranquila". E aí depois ela falou assim: "Onde ela foi tirar leite?" Ela ficou preocupada com isso. Ela falou assim: "Será que ela tirou leite no carro? Será que ela tirou leite em cima da privada no banheiro? Será que ela precisava de tomada? Será que a bomba ia na tomada? E se você não tiver na liderança alguém que já passou pela momento de tirar leite do peito na vida, essa pessoa não vai entender que isso é um problema. Então, quando a gente tem essas pessoas na liderança, elas pensam coisas porque realmente, né, não adianta a gente achar que um homem vai pensar nisso porque ele nunca viveu. Ele pode perguntar para as pessoas, né, gente, o que que vocês estão precisando? O que que tá ruim na empresa? Mas a sensibilidade do lugar é diferente. Assim como se a gente não tiver pessoas negras na na liderança, como é que a gente vai entender se a empresa terceirizada de segurança tá tratando as pessoas negras de forma legal, de forma igual ou não? Se a gente não tiver pessoas com deficiência na liderança, como é que a gente vai entender se a acessibilidade da empresa tá suficiente? Se a gente não tiver pessoas LGBT na liderança, como é que a gente vai entender se os nossos clientes são respeitosos com a diversidade? Então assim, essas pessoas precisam estar na cúpula para que a empresa funcione bem. E é isso. E aí assim, Ana, eu ia conectar esses assuntos e perguntar eh como que a gente pode trabalhar, porque é muito difícil a gente esperar que aconteça alguma coisa ruim para pensar em como evitar que isso aconteça. É muito dolorido, né? E aqui eu vou trazer o o exemplo da minha esposa de novo. Ah, ano passado eh o Té nasceu ano passado. Té o nosso primeiro filho e o Té ele teve que fazer uma cirurgia dentro da barriga. Então você imagina que abriu a barriga da minha esposa, fez a cirurgia nele, fechou e ela continuou a gestação. E depois teve o parto, ele nasceu e tudo mais. Tudo bem agora, graças a Deus. Mas é comum chegar algum amigo e olhar paraa minha esposa, principalmente no começo assim que ela que a gente tinha saído da do do hospital e falar: "Nossa, eh, Denise é o nome da minha esposa, nossa Denise, tá cansada, né?" Aí você fala, ele não sabe a história, ele não viu o filme, não imagina tudo que ela tá passando. E aí para juntar a a minha sogra, a mãe da minha esposa, é acamada e a minha esposa ajuda ela ainda. Então além de tudo isso que o nosso filho tinha esse fator, mas assim, a outra pessoa não sabe o que tá acontecendo, só fez um comentário indigesto ali e e sem nenhum tipo de tato. Mas isso acontece no mercado de trabalho a todo momento, né? A a mulher tá lá no trabalho pensando se ela colocou a blusa na mochila do filho ou se o marido colocou a blusa certa na mochila do filho que tá na escola enquanto ela tá numa reunião e às vezes surge algum tipo de comentário eh indiscreto ou até um comentário se vai ter filho, se não vai, como é que vai fazer para ele ficar na escola depois e você voltar a trabalhar. Vários comentários que a gente sabe que e acontece no mercado de trabalho, né, Rut? Mas a minha pergunta é aqui, como que a gente pode evitar que esses comentários aconteçam sem precisar que eles aconteçam de fato paraa gente poder evitá-los? Então, como que a gente pode trabalhar a cultura da empresa para evitar esse tipo de sua situação constrangedora? Sabe uma coisa que eu acho legal da gente pensar? Eu sou advogada trabalhista, né? Eh, e a gente trabalha um pouco no direito a diferença entre intimidade e privacidade, que é uma coisa que às vezes fica meio confusa pra gente. Então, privacidade tudo aquilo que a gente não quer que saia do nosso âmbito privado, então das paredes da nossa casa. Então, eu vou dar um exemplo dentosco. Diarreia, gente. Diarreia você acaba falando com o pessoal da sua casa: "Nossa, comi uma coisa que não me caiu bem". Você tem florativo? Você tem um remédio aí? Não sei o quê? Não, traz batata para eu cozinhar que eu vou comer só batata e arroz. É, é uma coisa que fica dentro das paredes da casa, né? Eh, intimidade é aquilo que a gente não quer nem que saia do íntimo, né? Nem dentro da gente. Às vezes a gente nem conta em casa. Alguns exemplos, vício em drogas, uma gravidez indesejada, vício em jogo, né? Em tempos de Bet vamos falar sobre isso. Eh, são coisas que a gente às vezes não fala nem com os nossos pais, nem com o nosso companheiro, nem com os nossos filhos. Eu acho que a gente precisa entender eh que quase sempre que a gente tá falando de questões relativas à mulher, a gente tá quase sempre falando de intimidade. Então eu eu tava num evento outro dia falando que eu lembro quando eu tava grávida, a pergunta mais frequente que a gente ouve é: "Ah, e o parto vai ser normal? Você vai tentar parto normal?" Como se isso não dissesse respeito à intimidade, né? Não é nem privacidade, gente, porque é o corpo da mulher. Eh, eh, o, o, o pai pode até, né, conversar, mas é o corpo dela. E eu eh eu sempre tive uma opinião, né, que acho que muito uma resistência ao que a gente vê do lado de fora, que é dizer parto bom é o parto que meu corpo permitir, é o corpo, é o parto que trouxer segurança para mim e pro meu filho. Eu nunca sonhei. Ah, mas eu quero ter o parto normal porque eu quero viver a experiência. Desculpa, eu sonho com outras coisas. Eu sonho que o dia que eu escrevo um livro e ele seja traduzido para 50 idiomas, porque é outro campo, né? Eh, o parto, eu falei paraa minha médica: "Me diz o que você acha que vai ser melhor pra gente". E logo no começo da gestação, a gente entendeu que eu não poderia ter um parto normal por causa da posição da minha placenta. E eu passei uma gravidez inteira tendo que me justificar para estranhos do porqu eu não iria fazer um parto normal. E eu tinha que falar sobre a posição da minha placenta para pessoas que nem sabiam o meu nome na fila da farmácia. Alguém consegue entender o quão surreal é isso? Alguém consegue entender? Eu, gente, é uma, eu sempre dou esse exemplo. Eu falo, alguém pergunta para um homem de 50, 60 anos se já, se ele já começou a ter disfunção erétil? Por que que a gente pergunta para uma mulher se ela vai ter parto normal, se ela vai amamentar, até quanto tempo ela amamentou? a gente não entende que isso diz respeito à privacidade. Então eu acho que é talvez, né, ah, desculpa, intimidade, né, mais do que privacidade. Então, acho que talvez uma boa forma seja você antes de fazer uma pergunta parar e se perguntar: "Isso é uma coisa que se fala na empresa? Isso é uma coisa que se fala dentro da casa ou isso é uma coisa que se fala dentro dela?" Se for dentro da casa ou dentro dela, não pergunta na empresa. Eh, a gente tá falando de perguntas, né, Rute? Mas tem aqueles aqueles comentários, né, eh, que são aqueles comentários que que geram pequenos gatilhos do dia a dia da maternidade no mercado de trabalho, né? A gente tá falando um pouco sobre isso agora a pouco, né? Quando não há intenção de ofender e e julgar, mas há o julgamento, né? O julgamento velado, que que a gente faz nessas situações, né? Porque a pergunta é é no mínimo invasiva, mas eu não quis julgar lá no fundo veladamente eu já tô julgando, né? Que que a gente faz nessas situações? Eu acho que isso depende muito da origem da pergunta, né? Tem situações em que você vai est com alguém que trabalha com você e é seu amigo, é sua amiga e você pode ser franca. Eu acho que ser sincero nunca é um problema, né? falar assim, fulano, você sabe que isso mexe para caramba comigo, porque eu sinto isso, eu sinto aquilo, não sei o quê. Então, se você tá num ambiente seguro, eu acho que é legal falar. Se você tá num ambiente que talvez você não sinta aberta para falar isso, mas você possa eh devolver a pergunta. Eu falo que essa é sempre uma grande tática, né? Então, eh quando alguém te pergunta alguma coisa, você fala assim: "Mas por que você tá me perguntando isso?" Uhum. Né? Porque a pessoa simplesmente tem que e ela se vê obrigada a refletir o porquê disso, por que que ela achou que essa pergunta era pertinente e que eu acho que é uma coisa que não é eh agressiva nem nada, mas você simplesmente virar e falar assim: "Ah, desculpa, mas mas por que dessa curiosidade?" Eu acho que às vezes isso funciona bem, porque a pessoa entende que aquilo não não caiu bem, né? E eu acho que quando isso vem de lugares de uma uma autoridade ou isso vem de um lugar de um cliente, eu acho que a gente precisa ter ambientes seguros eh para conversar com alguém sobre isso. Então é um né, não sei se vocês têm um canal de denúncias, é um compliance, é uma pessoa de RH, é um líder que você tem. E aí eu acho que esse é um convite muito legal para quem exerce posição de liderança de criar esse ambiente seguro para as pessoas, né? É, eu acho que talvez seja muito legal virar para uma para uma mãe ou para alguém que tá grávida ou, né, ou para alguém que você sabe que tá tentando ter filho ou para, né, de um modo geral virar para as pessoas e falar assim: "Olha, se você ouvir dentro da nossa equipe algo que seja incômodo, me fala, porque a gente pode errar, gente, e tá tudo bem, a gente erra, né, tentando às vezes falar uma coisa engraçada, tentando às vezes falar uma coisa boa, tentando, né? Eh, eh, acho que é, tem uma pergunta clássica que, eh, que as pessoas fazem que é do que é o famoso eh, mas com quem tá seu filho? Né? Então, você vai fazer qualquer coisa, você vai jantar, você vai fazer a unha, você vai fazer um exame de sangue e alguém te pergunta: "Mas você, com quem tá seu filho?" Uhum. Essa é uma pergunta que é, sabe assim, é small talk, parece conversa de elevador. Nossa, hoje tá chovendo, hoje não tá, mas que às vezes gera um gatilho muito grande na mãe, que se lembra que o filho ficou com a sogra e que você fica preocupada se você tá abusando, que lembra que a criança ficou com o irmão mais velho para meia hora você buscar uma coisa no supermercado e que você talvez não devesse ter feito isso, que lembra que a criança tá com a babai, que chorou, que nem um desalmado até a hora de você sair, porque queria ficar com você. Então são perguntas que parecem que não pegam em lugares, mas pegam. Então assim, a gente criar um ambiente seguro para as pessoas falarem: "Putz, isso aqui para mim não cai bem". E a gente poder falar sobre isso. Eh, eu eu queria mudar o tema, né? E queria saber eh eh um pouco sobre um outro aspecto das suas palestras, né? Quem é você quando ninguém está olhando, né? Afinal, eh, como os perfis profissionais e pessoais, eles se misturam, né, e, e, e, ao seu ver, eh, quando eles se separam. E, e aí eu já vou engatar em uma outra, porque tem tudo a ver com o nosso ambiente de trabalho, né? a gente que eh sempre tá eh eh com foco nos processos seletivos, encontrando pessoas e e e entrevistando. A gente também gostaria que os candidatos se perguntassem quem eles são quando ninguém está os olhando, né? Então, como que você explicaria a importância dessa questão do autoconhecimento, né? Então, primeiro primeira pergunta eh um pouco do que a gente, né, os os perfis profissionais e pessoais eh eh como se misturam e como a gente, né, quando se separa, eh, e a importância desse autoconhecimento também no ponto de vista, por exemplo, dos candidatos, né? Que legal. Você sabe que essa é uma palestra nova que a gente desenvolveu no ano passado, muito voltada para compliance, né? Então, muitas vezes é muito difícil você debater compliance, ética, eh eh de uma forma que seja leve para as pessoas. Então, a gente criou esse, esse outro produto aí que tem tem sido muito legal, porque eh é muito fácil a gente se comportar de forma ética, né? Quem já ouviu falar da história do anel de Giges, quem não ouviu, tem até videozinho no YouTube contando, eh, que era o anel que tornava alguém invisível. Eu sempre pergunto, se você puder colocar um anel que te torne invisível, o que que você faria? E todos nós faríamos coisas erradas, gente. Vamos ser sincero, todos nós. Alguns de nós iam pegar dinheiro no banco, outros iam olhar o celular da companheira do companheiro, outros iam na saída da escola do filho adolescente ver o que que ele tá fazendo. Outro ia na casa do do ex-marido, ia colocar a escova de dente na privada. Nenhum de nós ia fazer uma coisa boa se a gente fosse invisível. Eu acho que essa é uma grande reflexão, né, sobre eh o fato de que a gente se comporta do jeito certo por causa do olhar dos outros e não propriamente por causa dos nossos valores. E é interessante porque cada um de nós teria uma grande justificativa para fazer uma coisa errada. Eu não duvido disso. Então assim, não, eu vou pegar dinheiro no banco, mas é porque os bancos são malvados e eu vou distribuir o dinheiro para as pessoas carentes. Mesmo assim tá errado, né? Não, mas eu vou na casa do meu ex colocar a escova na privada porque ele fez isso, fez aquilo. Mas tá errado. Então acho que quando a gente fala de quem é você quando ninguém tá olhando, eh, a gente vai para camadas muito interessantes. E eu acho que isso puxa uma coisa importante, que é, por exemplo, o grupo de WhatsApp, né? Eu dando as palestras todas sobre, né, eh, feminismo e tal. O que acontece dentro dos grupos de WhatsApp, né, nos quais só tem homens, nos quais não tem nenhuma mulher, eh, para tá ali, né? É, é horrível dizer isso, mas como algum tipo de defesa paraas outras. Eh, o que circula em termos de piada, de imagem, de julgamento em grupos que só tem homens ou em grupos que só tem mulheres que estão ridicularizando uma a outra, né? Eh, qual é o bullying que a gente pratica na vida adulta? Então, acho que é é é muito legal a gente pensar um pouquinho sobre isso e cada um, de repente, fazer aí o seu mergulho e pensar, cara, que que eu ia fazer de errado, né? E eu acho que quando a gente tá falando aí da do do das pessoas que a gente entrevista, eh, vocês melhor do que ninguém sabem aquela velha história diz: "Ai, me fala um defeito seu, ah, eu sou perfeccionista", né? A velha história. Eh, por quê? Porque a gente não aprendeu em nenhum momento, né? a gente vem tentando aprender a lidar com vulnerabilidades. A gente vem numa sociedade competitiva, patriarcal, né, de quem ganha mais, de quem é mais eh poderoso. E quando a gente fala, né, por exemplo, vocês devem conhecer a Brin Brown, que fala muito sobre vulnerabilidade, eh quando a gente entende que isso pode ser uma coisa boa, a gente se liberta muito. É, então assim, eu eu acho que quando a gente entrevista alguém pro emprego e a pessoa talvez diga, eh, eu não sou uma pessoa organizada. Claro, se a pessoa tá fazendo um trabalho de repositor no supermercado, talvez não dê muito certo, né? Mas, mas por exemplo, eh eh eu acho que a gente tem que eh eu acho que talvez até um convite para vocês de pensar, é esse defeito pode ser um defeito que eu abomino, mas ele afeta esse trabalho. Eu demorei muito tempo para entender que eu sou uma grande criativa e eu não sou uma grande executiva. E tudo bem e que bom que o meu talento pode estar canalizado em outras coisas. E tem pessoas que, cara, eu sento, executo, eu sou uma máquina, mas não me pede para ter uma ideia, porque eu não gosto de dar ideia, não é meu meu lugar de conforto. Tem pessoas que vão ter dificuldade de liderar e que isso pode ser desenvolvido. É claro que sim. Tem pessoas que têm dificuldade de ser lideradas, né, geralmente homens, vamos falar sobre isso, sobretudo se a liderança for feminina. Tem pessoas como eu que t dificuldade de trabalhar em equipe. Eu lido muito bem com receber ordens ou com dar ordens, mas dividir o meu trabalho, tem alguém mexendo no meu arquivo, fala: "Sai, sai do meu arquivo, eu não gosto disso". E tudo bem. Então assim, eu acho que ter esse olhar pra gente e admitir vulnerabilidades, defeitos, alguns a gente admite e trabalha, outros a gente sabe que para mim não é necessário ser uma grande executiva na carreira que eu tenho, né? no que eu faço. Eu tenho uma sócia maravilhosa que faz isso e que não é uma criativa no meu escritório e tudo bem. E vocês se complementam, né, numa certa maneira, né? Exato. E eu acho que e isso é muito bonito de ver, né? Eu brinco, a Marina detesta small talk, ela se puder entra na reunião e já vai conteúdo, conteúdo, conteúdo. E eu entro e falo: "E aí, gente, quem viu o jogo ontem? Ninguém esperava isso do Arsenal, né?" Entendeu? Eh, é, e a gente entender que isso é bom pra gente, né? E que é bom falar sobre aquilo naquilo, no que a gente é ruim. Rute, eu te ouvi. É, é, é, é como se fosse uma aula, né? Acho que até o convite para que eu participasse desse podcast hoje é porque eu fiquei muito entusiasmado com o webinar que a gente teve, né, no workshop que você palestrou pra gente e teve uma frase lá que é assim, a gente não é uma coisa ou outra, a gente tá num aquário que esse aquário é aquilo, né? Eh, eh, e aqui a gente falou sobre vários temas, mas que todos acabam se entrelaçando em construir um ambiente melhor para todo mundo. Claro que com um foco um pouco maior nas dores que as mulheres sofrem eh no ambiente de trabalho, mas vamos imaginar que uma situação hipotética agora, você tem um espaço de, sei lá, 30 segundos ou de uma frase pra gente colocar na sala do número um de todas as empresas. Vamos imaginar que todo o número um aqui, seja homem ou mulher, está ouvindo o nosso podcast agora. E a gente vai colocar uma frase ali que vai nortear a cultura de todas essas empresas para facilitar tudo que a gente conversou aqui hoje. Que frase, que mensagem, o que que você colocaria para que a gente pudesse construir esse ambiente melhor para todo mundo? Nossa, que difícil. Eh, eu vou falar algumas coisas que me vieram à mente. Eu acho que tem uma frase que eu gosto muito, que eu não sei se eu falei na nossa conversa, mas que é: eh todas as pessoas que você encontra no seu dia estão lutando batalhas sobre as quais você não sabe nada. Então, seja legal com as pessoas. Essa frase para mim é é muito importante. Você cruza com a moça da limpeza, você cruza com uma pessoa que você acha que é muito sua amiga, que você sabe tudo. E a gente não sabe. A gente não sabe quem tem uma mãe acamada, a gente não sabe quem tem um pai que descobriu um tumor, a gente não sabe quem descobriu um nódulo na mama ontem, a gente não sabe quem perdão, bebê, a gente não sabe, né? Então, acho que eh partir desse pressuposto é sempre uma coisa muito boa para todos nós. Eh, eu acho que a outra coisa é respeitar a autoridade de outras pessoas. Eh, se você é CEO de uma empresa, você é provavelmente bom em várias coisas, mas, por exemplo, eh, quando você vai até o banheiro, tem uma pessoa que limpa o banheiro muito melhor do que você faria e você tem que respirar, respeitar o lugar de autoridade dessa pessoa, né? Eh, eu sempre falo isso, quando eu tenho uma mancha lá em casa numa peça de roupa, eu não digo pra Cris como é que ela tira aquela mancha. Eu pergunto pra Cris: "Cris, que produto eu compro? Que que eu posso fazer? Porque ela sabe fazer aquilo melhor do que eu, né?" É, então acho que e talvez seja um grande convite para lideranças, especialmente para pessoas muito privilegiadas de entender que os seus talentos não valem mais do que os talentos dos outros. Eh, você pode ser muito bom em muitas coisas e, provavelmente, você é muito ruim em outras. Eh, e essas coisas não têm menos valor. Eu falo que a gente tem métricas patriarcais do que que é sucesso e do que que é talento. As nossas métricas, a forma como a gente enxerga o que é sucesso, o que é alguém bem-sucedido, são métricas que estão perfeitamente moldadas por um sistema patriarcal e capitalista, que é quem gera mais dinheiro, quem tem mais poder. E eu me pergunto, quem são as pessoas mais importantes da vida de vocês? provavelmente não são as pessoas que ganham mais dinheiro e que têm mais poder, são pessoas que exercem talentos e e capacidades e competências muito diferente dessas. E tá na hora da gente colocar essas competências como competências essenciais numa empresa. Não é ser assertivo, objetivo, rápido, ter foco, é cuidar de pessoas, é ter paciência, é ser generoso, é ter um olhar, é ter calma. Então, acho que esses valores são os valores que vão levar a gente para um rumo melhor do que esse que a gente tá chegando agora. Estamos chegando ao fim desse episódio, mas Rute, para finalizar, você já escreveu nove livros e ao longo da sua carreira se prepara pro próximo, que debaterá o eterno dilema sobre ter ou não ou não ter filhos. O que a gente pode esperar desse próximo título? Que tipo de spoiler você pode dar pra gente e que a gente consiga compartilhar aí com os nossos ouvintes? Eu sempre falo que eu fui durante 34 anos uma mulher sem filhos muito feliz, muito feliz. Eh, e que eu sou há do anos uma mãe muito feliz e que ter filho me fez entender quem quer ter 10 filhos e quem não quer ter nenhum. Então, eu acho que a minha intenção é legitimar muito qualquer decisão, eh, e, e acolher cada vez mais as mulheres que não querem ter filhos e acolher cada vez mais as mulheres que querem ser mães felizes, plenas, né, de forma integral, sem ter que ficar fingindo que não é mãe, sem fingir que tá preocupada, eh, fugir para ter que levar uma criança no pediatra. Então, acho que eh a tentativa é legitimar muito esses dois lugares. Eh, e eu acho que a minha tentativa, acima de tudo, é que seja uma forma crítica de pensar maternidade, porque esse não é um livro só para quem tá em dúvida, esse é um livro para ser lido por quem definitivamente não quer filhos, né? talvez para reforçar essa decisão, porque é difícil para caramba ter filho. Eh, mas muito para pensar maternidade crítica também para quem tem filhos do tipo, caramba, nunca tinha pensado nisso, nunca tinha pensado naquilo e que, né, aí no campo do sonho, talvez o Miller seja a minha melhor esperança, de que os pais, né, de que os homens também leiam isso para pensar um pouco no lugar deles de uma forma que não seja na defensiva, porque eu acho que o grande desafio é esse, as pessoas ficam na defensiva, mas eu não sou machista. Mas eu sou um bom pai. Mas eu divido 50%. Tá bom, mas vamos ouvir, vamos, vamos, vamos pensar juntos. Será que esses 50% são realmente 50%? Será que você realmente não é machista? Será, né? Isso vale para todos nós. É o que o Miller trouxe, né, a frase da da Júlia que eu usei, que é isso. Eh, a gente vive num aquário muito tóxico e todos nós estamos contaminados por ele, né? Lerei, lerei. Com certeza. É, eu também com certeza. Rute, quero imensamente agradecer a sua participação. Sempre é muito gostoso conversar com você, te ouvir, enfim, eh, compartilhar eh as informações que você pode trazer para agregar aí pros nossos ouvintes, né? Quero agradecer muito a sua participação. A parceria do Miller aí também foi excelente. Eh, e a gente precisa organizar a próxima, né? Olha, é isso. Eu já sei, né? Não sei se eu posso dar esse spoiler ou não, senão vocês editam, mas que eu sei que no dia das mães eu vou estar com vocês de novo e quem sabe uma próxima presencial em algum lugar a gente se vendo, né, que também é uma troca gostosa de energias. Muito legal. Hoje a gente conversou então com a Rutman sobre desafios da maternidade no mercado de trabalho. Eh, eu sou Ana Guimarães e espero vocês na próxima edição do Robert Hef Talks. Até a próxima, pessoal. Este podcast é produzido pela Robert Hef, a consultoria global de soluções em talentos que mais cresce no Brasil. Venha fazer parte dessa história. Trabalhar com pessoas e ser o agente da evolução e transformação da vida de profissionais pode ser uma atividade muito gratificante, além de uma excelente oportunidade de carreira. Acesse a sessão trabalhe conosco do nosso website o roberthef.com.br e veja as vagas disponíveis. Junte-se a nós.
A jornada da mulher no mercado de trabalho está em constante evolução, mas ainda há muitos obstáculos a superar, especialmente quando o tema é a conciliação entre a vida profissional e os desafios da maternidade.
No Robert Half Talks, a advogada, escritora e defensora da liderança feminina Ruth Manus compartilhou reflexões profundas sobre como as mulheres podem lidar com essas questões e como as dinâmicas familiares e profissionais estão mudando.
O desafio de cuidar de si mesma
Ruth destaca a pressão que muitas mulheres enfrentam ao tentar equilibrar suas carreiras com as responsabilidades domésticas e familiares. “Em geral, nem a gente cuida da gente, né?”, afirma. Ela exemplifica com situações comuns, como exames médicos atrasados ou negligenciados, mostrando como as mulheres frequentemente se colocam em segundo plano diante das demandas do trabalho, dos filhos e da casa.
Sua visão sobre autocuidado vai além do senso comum: “Autocuidado não é passar creme”, diz Ruth. Para ela, trata-se de reservar tempo real para cuidar do corpo e da mente e se reconhecer como prioridade. Essa mudança de perspectiva é essencial para romper o ciclo de exaustão e sobrecarga.
A pressão por perfeição e a sobrecarga feminina
Segundo Ruth, muitas mulheres se sentem culpadas por priorizar a si mesmas, reflexo de uma sociedade que ainda espera que sejam multitarefas e incansáveis. “Fomos ensinadas a ser generosas e eficientes, mas não aprendemos sobre autocuidado.” A mudança, segundo ela, passa por uma reconfiguração nas relações familiares e pela participação mais ativa dos homens nas tarefas do dia a dia.
Ela defende que os homens precisam assumir responsabilidades sem esperar instruções: “Se você sabe qual é a hora do jantar das crianças, simplesmente vá para a cozinha e execute.” Pequenos gestos de antecipação fazem uma grande diferença.
A importância do diálogo dentro de casa
Para Ruth, o diálogo é o ponto de partida para transformar dinâmicas familiares. “O primeiro ponto é sempre o diálogo”, afirma. Em vez de esperar o conflito, ela recomenda conversar em momentos tranquilos e até usar a escrita como ferramenta para organizar pensamentos e garantir que todos sejam ouvidos sem interrupções.
Mais do que dividir tarefas, o objetivo é criar um ambiente de corresponsabilidade, onde todos se sintam parte do cuidado familiar.
Desconstruindo a maternidade perfeita
Ruth também desafia o ideal da “mãe perfeita”, alimentado por redes sociais e narrativas romantizadas. Ela questiona o conceito de meritocracia no contexto da maternidade: “Como falar em meritocracia quando temos vidas tão diferentes?”
Ela reforça que não existe um modelo único de maternidade ou de sucesso profissional, e que a comparação com padrões inatingíveis só aumenta a pressão sobre as mulheres.
Liderança feminina e representatividade
Por fim, Ruth chama atenção para a necessidade de exemplos reais de liderança feminina. Muitas mulheres que chegaram ao topo precisaram adotar posturas mais rígidas para sobreviver em ambientes dominados por homens. Agora, no entanto, é tempo de abrir espaço para novos estilos de liderança, mais empáticos, colaborativos e conectados às reais necessidades das mulheres no mercado.
A conversa com Ruth Manus é um convite à reflexão e à ação. Para promover um mercado de trabalho mais justo e saudável para todas, é preciso repensar padrões, redistribuir responsabilidades e abrir espaço para lideranças que respeitem as múltiplas dimensões da mulher. Escute o episódio completo e inspire-se com essa troca potente sobre maternidade, trabalho e transformação.
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