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A reforma tributária é, sem dúvida, um dos assuntos mais relevantes para o ambiente de negócios no Brasil. E embora a discussão costume girar em torno das questões técnicas, legais e estruturais, há um ponto que merece cada vez mais atenção: o impacto direto que essa transformação terá sobre as pessoas dentro das empresas. Augusto Flores, vice-presidente de gestão tributária do Grupo Volvo para a América Latina, é uma das vozes mais experientes e respeitadas nesse debate. Com mais de 30 anos de atuação no setor, ele traz uma perspectiva que vai além dos números e das normas. No Robert Half Talks, em conversa com Vitor Silvério e Rafael Assenoff, da área de Parcerias Estratégicas da Robert Half, Flores destacou que a reforma tributária representa uma mudança de paradigma também na forma como as empresas estruturam seus times e preparam seus talentos. “Esse momento é um momento único na história da gestão tributária no Brasil”, afirmou Flores logo no início do episódio. Desde os anos 1960, o país clama por uma reforma consistente e, agora, com a consolidação das propostas e cronograma de implementação até 2032, o desafio passa a ser como as empresas vão reagir – e se preparar – para esse novo cenário.
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O fim da "salinha climatizada"

Um dos principais alertas feitos por Augusto diz respeito ao papel do profissional tributário, historicamente mais técnico e isolado dentro das organizações. “O profissional tributário se notabilizou como aquele que ficava numa salinha climatizada, esperando as outras áreas entrarem com dúvidas. Ele era mais erudito, mas pouco conectado ao negócio.” Esse perfil, segundo ele, precisa ser radicalmente transformado. Com a reforma em curso, os profissionais da área tributária deverão se posicionar como verdadeiros business partners, com um repertório mais amplo, maior capacidade de comunicação e entendimento das demais áreas. “Ele precisa falar mais simples, entender que a comunicação tem que ser focada na audiência”, reforça. Essa mudança exige preparo. Flores chama a atenção para o risco de as empresas não encontrarem talentos disponíveis no mercado justamente quando mais precisarem. “O mercado já vive um ambiente de rouba monte. A empresa A contrata da B, que contrata da C, e assim por diante. É um jogo de soma zero.”

Transformação exige ação

Clique para acessar a pesquisa completa Pesquisa realizada pela Robert Half e citada no episódio revelou que mais da metade das empresas não se consideram preparadas para a reforma tributária. Para Augusto, isso é resultado de uma cultura de procrastinação e da ausência de uma liderança fiscal mais estratégica. “É responsabilidade do gestor tributário que não fez o dever de casa lá atrás. Mas agora a gente tem diante de nós uma oportunidade”, alerta. Ele acredita que o momento é ideal para transformar a gestão tributária em uma área protagonista, capaz de influenciar conselhos, diretores e investidores. Essa transformação, no entanto, não pode ser apenas discursiva. Augusto é categórico ao afirmar que é preciso investir em desenvolvimento, treinamento e comunicação efetiva. “A comunicação não é o que você fala, mas o que os outros entendem. A gente precisa parar de focar no ego e focar na audiência.”
"Desde os anos 1960, o país clama por uma reforma consistente e, agora, com a consolidação das propostas e cronograma de implementação até 2032, o desafio passa a ser como as empresas vão reagir – e se preparar – para esse novo cenário", afirma Augusto Flores.

O papel da tecnologia

Outro ponto central da conversa foi a tecnologia. Segundo Augusto, ela é peça-chave não apenas para lidar com a complexidade do sistema tributário brasileiro, mas para tornar os times mais produtivos e preparados. Desde 2018, o Grupo Volvo tem investido fortemente em transformação digital na área fiscal. “Começamos timidamente com alguns robozinhos, com orçamento base zero, até que mostramos produtividade. Hoje temos dashboards importantes para a tomada de decisão”, compartilhou. Para ele, a tecnologia tem duas frentes de atuação: dentro das empresas, otimizando processos e reduzindo custos; e fora delas, na relação com o Fisco. “A expectativa é que a reforma traga uma mudança na mentalidade da relação fisco-contribuinte. Incentivar o bom contribuinte é essencial”, defende.

Reforma de negócios, não apenas de impostos

Uma das principais ideias defendidas por Augusto é que a reforma tributária não se trata apenas de uma reestruturação de impostos, mas de uma verdadeira reforma de negócios. E, para isso, todas as áreas da empresa precisam estar envolvidas. Ele compartilhou o exemplo da Volvo, que promoveu um “Tax Day” reunindo todas as áreas de negócios para tratar da reforma. “Chamamos os tomadores de decisão de caminhões, ônibus, motores e banco. Não era um projeto da área tributária. Era um projeto da empresa.” Essa mobilização coletiva, segundo ele, é o que vai diferenciar as empresas que estarão preparadas daquelas que vão “quebrar ao final do ano” por apostarem em adiamentos ou soluções improvisadas. “Quem largar na frente vai ter vantagens competitivas. Vai influenciar discussões nas associações, nas federações e nos grupos de trabalho.”

A evolução da carreira tributária

Ao longo da conversa, Augusto também abordou a evolução da carreira na área fiscal. Ele lembra que, nas décadas passadas, a estrutura era mais voltada ao “contábil-fiscal”, enquanto hoje já se vê diretores e vice-presidentes exclusivos para a tributação nas grandes companhias. “Isso só aconteceu porque alguns profissionais conseguiram fazer a interlocução com o C-level, com os boards, com o negócio”, explica. Para ele, o segredo está em adaptar o discurso à audiência. “Você não pode usar a mesma apresentação para o time técnico e para o CFO. Precisa ter uma versão lúdica, visual, objetiva.” Flores defende que o profissional precisa se preparar continuamente, inclusive com formações não tradicionais. “Faço cursos de storytelling, oficina de teatro, leio assuntos que não têm nada a ver com tributário, tudo para melhorar a comunicação e a capacidade de influência.”

Vantagem competitiva

A entrevista com Augusto Flores deixa uma mensagem clara: a reforma tributária é inevitável, mas pode ser uma grande oportunidade para quem estiver disposto a liderar a mudança. Mais do que compreender as novas regras, será necessário transformar a cultura corporativa, investir em tecnologia, capacitar talentos e adotar uma visão integrada entre áreas. “O Brasil é complexo, sim. Mas já sabemos disso. Agora, precisamos resolver”, finaliza. O episódio reforça que o futuro da área tributária será cada vez mais estratégico e interligado aos demais setores da empresa. Um novo momento se inicia — e quem não acompanhar essa evolução corre o risco de ficar para trás.  

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