Diante de um cenário corporativo cada vez mais instável e desafiador, a liderança tradicional — centrada apenas em metas e processos — já não é suficiente. As organizações que desejam ser resilientes, inovadoras e socialmente relevantes precisam de líderes capazes de equilibrar performance com empatia, visão com escuta, estratégia com humanidade. Mas como tornar isso possível na prática?Para discutir esse desafio, o Robert Half Talks recebeu Theo Penedo, Diretor de Tecnologia com quase 20 anos de trajetória em uma das maiores empresas da indústria de mineração. Em uma conversa com Vitor Silvério, gerente de parcerias estratégicas da Robert Half, e Lucas Nogueira, diretor regional da Robert Half, Theo compartilhou aprendizados sobre gestão de crise, transformação de times, protagonismo social e o papel do líder no desenvolvimento de uma cultura mais humana e sustentável.
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Uma carreira construída na diversidade e no propósito
Theo iniciou sua trajetória em 2006, motivado pelo sonho de contribuir com uma organização que gerasse impacto positivo no país. “Eu não imaginava que ficaria quase 20 anos na mesma empresa”, revela. Ao longo desse tempo, passou por áreas como relações com investidores, finanças corporativas, inovação e gestão de pessoas, consolidando uma visão estratégica e transversal do negócio.O que mais chama atenção em sua história é a busca por desafios com propósito transformador. Um exemplo marcante foi quando assumiu a gerência do Global Back Office, uma área tradicionalmente pouco valorizada no setor financeiro. “Foi um dos desafios mais felizes da minha carreira, porque pude transformar aquela área em uma das mais importantes, fazendo com que as pessoas se sentissem valorizadas enquanto seres humanos.”Essa transformação foi impulsionada por uma visão antecipada sobre tecnologia, com times já voltados para blockchain, Internet das Coisas e machine learning, muito antes de se tornarem tendências consolidadas. A mensagem é clara: liderar é também preparar as equipes para o futuro, promovendo motivação e valorização no processo.
O valor do olhar humano na gestão de equipes
Clique para acessar a pesquisa completaPara Theo, conhecer os colaboradores como seres humanos é essencial para liderar com sucesso. Ele compartilha o exemplo de um profissional com deficiência visual e destaca como compreender suas motivações e contexto de vida foi fundamental para criar um ambiente respeitoso e satisfatório.“Se a gente não conhece a pessoa que está ali por trás, a gente acaba errando enquanto gestor”, afirma. Essa empatia sustenta uma comunicação mais eficaz, evita frustrações e fortalece o senso de pertencimento.Um conceito que molda sua liderança é o “efeito Pigmaleão”, estudado em Harvard: a crença genuína no potencial das pessoas, capaz de transformar expectativas em realidade. “Acredito que precisamos tratar as pessoas acima do cargo que elas ocupam”, defende.Esse olhar confiante e inspirador tem impacto direto na cultura organizacional — especialmente em empresas grandes e complexas, onde processos e metas muitas vezes obscurecem o lado humano.
“Acredito que precisamos tratar as pessoas acima do cargo que elas ocupam”, defende Theo Penedo.
Liderança em tempos de crise: desafios e aprendizados
A gestão de crises foi um dos temas centrais da conversa. Theo relembrou momentos desafiadores, como a tragédia ambiental que atingiu o Rio Doce, ocasião em que sentiu a responsabilidade de agir para além do papel corporativo.Inspirado por experiências voluntárias internacionais, ajudou a criar um movimento de mobilização da sociedade para proteger nascentes e contribuir com a recuperação do rio. “Mobilizamos escolas, voluntários, artistas e governos para um grande dia de ação”, relata. A experiência demonstrou que o impacto da liderança pode — e deve — ultrapassar os limites do escritório.Internamente, Theo enfatizou a importância da comunicação transparente e empática durante as crises. Em um dos momentos mais difíceis, criou um call center humanitário para atender vítimas de forma respeitosa e acolhedora. “Dizia aos colaboradores: imaginem se fosse a nossa própria empresa passando por uma crise — como vocês gostariam de ser tratados?”Outro exemplo foi a reestruturação de uma grande área com quase 250 pessoas, marcada por terceirizações e mudanças estratégicas. A liderança criou o projeto informal “Transformar limão em limonada”, com o compromisso de realocar todos os profissionais — dentro ou fora da empresa — com respeito e humanidade. “Gastamos muito com reputação, mas às vezes esquecemos de tratar bem as pessoas que estão sendo desligadas”, reflete.O resultado? Realocação bem-sucedida e reconhecimento interno pelo cuidado com as pessoas, mostrando que resultados e empatia podem (e devem) andar juntos.
As características de líderes que fazem a diferença
Para Theo, as pessoas que se destacam e crescem em momentos desafiadores reúnem três características: humildade, garra e energia positiva. “Ninguém tem a verdade absoluta. Humildade é essencial”, afirma.Ele rejeita a ideia do “herói solitário” e defende a força do trabalho em equipe: “Hoje nem o herói está mais sozinho — precisamos remar juntos”. Na sua visão, a liderança do futuro é coletiva, inclusiva e baseada na construção conjunta.
Atração e retenção de talentos: o fator humano como diferencial
Em um cenário de escassez de profissionais qualificados — especialmente em tecnologia —, Theo acredita que o maior diferencial para atrair e reter talentos é tratar as pessoas com genuína humanidade. Políticas de diversidade são fundamentais, mas precisam ser autênticas para gerar impacto real.“O que as pessoas querem é ser vistas e tratadas como seres humanos, não com olhares preconceituosos ou diferenciados”, reforça. Para isso, é preciso que a liderança dê o exemplo, praticando o walk the talk e promovendo um ambiente natural e acolhedor.Nas entrevistas, o “brilho nos olhos” do candidato pesa mais que habilidades técnicas. Para ele, o comportamento é o fator determinante para o sucesso na equipe.
Um chamado à ação para líderes e organizações
No encerramento da conversa, Theo lançou um convite que ressoa além do mundo corporativo: “Precisamos desenvolver líderes mais humanos no Brasil. As pessoas, as empresas e a sociedade civil precisam se organizar para ajudar a impactar mais o país.”Lucas Nogueira, diretor regional da Robert Half, destacou como relatos como o de Theo ampliam a compreensão sobre o papel estratégico da gestão de pessoas na construção de organizações fortes e resilientes. Já para Vitor Silvério, gerente de parcerias estratégicas, a combinação entre comunicação transparente e proximidade autêntica é o que cria confiança verdadeira nas equipes, especialmente nos momentos difíceis.Mais do que uma entrevista, essa conversa é um convite à reflexão: liderar é humanizar, inspirar e transformar. A jornada de Theo mostra que os maiores desafios são também as maiores oportunidades de gerar impacto — dentro das empresas e na sociedade.Este é o momento de repensar a liderança. Colocar as pessoas no centro das decisões não é apenas uma escolha ética, mas estratégica. Assim, construímos não apenas carreiras de sucesso, mas também organizações com um legado real e duradouro.
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