Nos últimos anos, o universo corporativo tem passado por transformações profundas. Entre as mudanças mais relevantes está o entendimento de que saúde mental e propósito não são temas periféricos, mas centrais para a sustentabilidade dos negócios. Esse foi o ponto de partida do episódio #88 do Robert Half Talks, com a participação de Diana Gabanyi, diretora da The School of Life Brasil.A conversa foi guiada pelos dados da 6ª edição da pesquisa Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho, realizada pela Robert Half em parceria com a The School of Life. Entre os destaques, está o fato de que cerca de 30% dos profissionais não se consideram felizes no trabalho. O dado é ainda mais alarmante entre os líderes: houve queda de quase 10 pontos percentuais na percepção de felicidade em relação ao ano anterior. “A gente sempre acha que o líder está bem, mas os números mostram outra coisa”, comenta Diana. Para ela, a pressão constante, a hiperconexão e a dificuldade de equilibrar vida pessoal e profissional tornam o ambiente corporativo ainda mais desafiador.
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Felicidade como condição de performance e não como luxo
A ideia de que estar feliz no trabalho é um privilégio ficou no passado. Hoje, é uma condição para que as pessoas consigam performar em alto nível. Diana defende que a conexão com o trabalho deve ir além da obrigação — é preciso propósito, alinhamento de valores e senso de contribuição real.A pesquisa reforça essa urgência: 40% dos profissionais relataram diagnóstico ou sintomas de estresse, ansiedade ou burnout. A hiperconexão e a constante pressão por produtividade têm sido gatilhos importantes. “Mesmo nos momentos de lazer, a gente continua vivendo o trabalho”, observa.
Responsabilidade compartilhada: empresas também devem agir
Outro ponto fundamental da conversa é o papel das empresas nesse contexto. Até que ponto o empregador é responsável pela saúde mental do seu time? Diana responde com firmeza: "Você não é responsável pelo problema que a pessoa teve em casa, mas ela dedica um terço do dia dela à sua empresa. Então você tem que ajudar."Essa visão está, inclusive, sendo incorporada à legislação.
"A recente atualização da Norma Regulamentadora 1 (NR-1), que exige ações estruturadas para lidar com riscos psicossociais, é um marco nesse avanço. Mesmo que seja por obrigação, o importante é que as empresas façam. Todo mundo sai ganhando”, afirma Diana Gabanyi.
Valores, propósito e cultura como pilares do engajamento
Menos de 60% dos profissionais dizem trabalhar em empresas cujos valores estão alinhados aos seus. Para Diana, esse desalinhamento impacta diretamente a motivação. Ela reforça a importância de manter o propósito vivo no dia a dia, e isso não exige ações grandiosas. “Compartilhar sucessos, relembrar o propósito da empresa, mostrar o impacto do trabalho de cada um... são pequenas atitudes que fazem uma enorme diferença.” A comunicação, nesse contexto, é estratégica: ajuda a reforçar a cultura e manter o time conectado e engajado.
Autoconhecimento e inteligência emocional contra o esgotamento
A inteligência emocional é um dos pilares da The School of Life, e o autoconhecimento é, segundo Diana, o primeiro passo para lidar melhor com os desafios do cotidiano. Reconhecer os próprios limites, saber quando pedir ajuda ou dizer “não” é essencial para evitar o burnout. “Se eu trabalhar em ritmo alucinado todos os dias, a corda vai esticar e o burnout vai chegar”, alerta. Ela sugere perguntas simples como forma de iniciar esse processo: O que está me motivando hoje? O que me deixou com raiva? Como me sinto ao interagir com tal pessoa? Esse tipo de reflexão pode tornar as conversas mais honestas e gerar relações profissionais mais saudáveis.
Colaboração exige convivência e intencionalidade
O episódio também aprofunda o debate sobre colaboração. Segundo a pesquisa, 40% dos profissionais não enxergam em suas empresas uma cultura verdadeiramente colaborativa. Diana destaca que o modelo híbrido, embora necessário, traz desafios para o sentimento de pertencimento e a troca entre equipes. “É muito difícil sentir que você pertence a um lugar aberto à colaboração estando sozinho em casa.” Para ela, encontros presenciais, como off-sites, não devem ser encarados como eventos pontuais, mas como ferramentas estratégicas para construir laços e fortalecer a cultura organizacional.
Um futuro onde performance e bem-estar coexistem
Ao final do episódio, Diana compartilha sua visão para 2030: empresas com espaços dedicados ao cuidado emocional, programas contínuos de suporte e uma cultura onde emoções são tratadas com naturalidade. “Se temos academias nas empresas, por que não uma academia de saúde mental?”, provoca. Mesmo que hoje muitos avanços ocorram por força de normas, o importante é que eles estejam acontecendo. “Não importa se é por obrigação ou por consciência, o importante é que seja feito.”
A pesquisa completa que deu origem ao episódio você confere abaixo
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