Por Fernando Mantovani
Você está empregado, mas, diante de algumas insatisfações, resolve partir em busca de uma nova oportunidade. Então, consegue fisgar a atenção do empregador, se sai bem na entrevista, conquista a vaga e aceita. Porém, ao comunicar seu atual empregador é surpreendido com uma oferta de aumento salarial em troca da permanência na companhia.
Essa é a famosa contraproposta. E, para o bem de sua carreira, aconselho que você tome decisões na carreira com base em PLA-NE-JA-MEN-TO para não ter que se render a ela. Um levantamento da Robert Half revelou que executivos que aceitaram uma contraproposta acabaram se desligando da companhia seis meses depois, demitidos ou por vontade própria. Ou seja, tenha como horizonte o longo prazo.
7 armadilhas da contraproposta
- É uma ferramenta emergencial – Alguns empregadores ficam em dúvida quanto ao real comprometimento do empregador com a organização e usam a contraproposta como uma forma para ganhar tempo e segurar o profissional apenas enquanto buscam outra pessoa para a função.
- É possível que você volte a ter insatisfações – Em geral, ao pedir demissão, o profissional possui insatisfações com a companhia que vão além da financeira, como relacionamento com a equipe, clima organizacional, modelo de trabalho, localização da empresa, entre outras. Pode ser que, momentaneamente, o aumento satisfaça, mas, com o passar do tempo, a remuneração maior não amenize as demais insatisfações.
- Você se tornará caro para o mercado – A tendência é que o salário de uma pessoa que aceitou uma contraproposta fique acima da média do mercado. Ou seja, você terá dificuldades para se movimentar no mercado no futuro.
- Novos aumentos demorarão a chegar – Ao aceitar uma contraproposta tenha em mente que ficará um bom tempo sem aumento, já que recebeu uma elevação salarial que não estava no planejamento da companhia.
- Na necessidade de cortes, seu nome poderá estar na lista – Após aceitar uma contraproposta, pode acontecer de o seu empregador ficar em dúvida sobre a lealdade com relação à companhia e, dentro desse contexto, considerar você na lista de profissionais a serem demitidos, caso haja necessidade.
- Dificilmente a empresa voltará a te valorizar – Se o benefício financeiro veio apenas porque você manifestou desejo de ir para o mercado, é possível que não seja da cultura da empresa investir em ações de retenção de talentos. É muito gratificante trabalhar em uma empresa que valoriza o colaborador enquanto ele está na função e não apenas quando ele pede demissão.
- Sua reputação tende a ficar manchada – Não importa o que o atual empregador diga para você no momento da contraproposta, a sua imagem sempre será associada à de alguém que pode pedir demissão a qualquer momento. Com relação ao recrutador que recebeu a recusa, ele tende a avaliar você como um profissional motivado apenas por remuneração, sem valorizar plano de carreira, oportunidades de crescimento.
Neguei uma proposta de trabalho e me arrependi. Posso entrar em contato com a empresa?
O arrependimento é compreensível, e não há mal em tentar reverter a situação. No entanto, é importante ter em mente que, ao recusar a proposta inicialmente, a empresa pode ter seguido adiante com outros candidatos. Caso decida entrar em contato, seja transparente e sincero sobre o motivo do arrependimento e demonstre seu interesse renovado na oportunidade.
Isso pode ajudar a mostrar que você refletiu melhor e que está realmente comprometido com a posição. Contudo, esteja preparade para uma resposta negativa, uma vez que a vaga pode já ter sido preenchida ou a confiança da empresa pode ter sido abalada. Mesmo assim, vale a pena tentar, pois sua proatividade e honestidade podem ser vistas de forma positiva pela empresa.
Um conselho para você
Diante de insatisfações no ambiente de trabalho, procure pares, subordinados ou superiores para uma conversa. Entenda as possibilidades de melhorias de aspectos que incomodam você antes de aceitar outra proposta. Não transforme sua carreira em um ambiente de leilão.
Aceitar uma contraproposta não é criar uma oportunidade, mas, sim, perder outra. Pense nisso!
*Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half para a América do Sul