Como ser uma pessoa aliada LGBTQIAP+ no trabalho? O Mês do Orgulho é a época de celebrar as comunidades LGBTQIAP+ no mundo corporativo. Também é uma oportunidade valiosa de pensar de maneira mais crítica sobre como podemos continuar a conversa sobre esse assunto tão importante e dar os próximos passos.

Tomamos um café com nosso Líder de Diversidade, Equidade e Inclusão, Sam Gingham, para falar sobre diversidade no local de trabalho e inclusão por meio do olhar LGBTQIAP+. Perguntamos ao Sam o que Orgulho significa para ele, como ser uma pessoa aliada LGBTQIAP+ no trabalho e como as empresas podem melhorar a diversidade no recrutamento. Confira!​

Você pode nos contar um pouco mais sobre sua função como Líder de Diversidade e Inclusão?

Eu entrei na Robert Half há relativamente pouco tempo para dar suporte a todos os assuntos relacionados à Diversidade, Equidade e Inclusão. Nos dois últimos meses, foquei em avaliar onde estamos. A Robert Half tem uma aspiração verdadeira em se tornar uma companhia empregadora cada vez mais diversa e em fazer nossa parte em melhorar a inclusividade em negócios e como líder de recrutamento em nosso mercado.

Eu vim para a área de Diversidade e Inclusão por meio da comunidade LGBTQIAP+ Como um homem gay e como pessoa que passou por situações de discriminação com base em identidade por todo o meu período na escola e no mundo do trabalho. Meu envolvimento começou com grupos de rede de pessoas funcionárias e grupos de envolvimento de negócios há mais de dez anos, quando o assunto era menos falado.

Você também pode gostar de: Promovendo a diversidade nas organizações | Robert Half

Você está atualmente preparando o grupo da Robert Half para a comunidade LGBTQIAP+ do Reino Unido – você pode nos falar mais sobre isso?

Houve um movimento nos últimos 12 a 18 meses com a Robert Half para desenvolvermos os Employee Network Groups (Grupos de Afinidade) nos Estados Unidos, dois em particular, o Global Women’s Equality Network (Rede Global de Igualdade Feminina) e o Black Employee Network (Rede de Funcionários Negros), que depois foram trazidos para o Reino Unido e para outros países nos quais a Robert Half opera. Isso ocorreu antes de eu começar a trabalhar na empresa e reflete o trabalho incrível das pessoas que trabalham no nosso negócio global!

Estou aqui para apoiar a evolução contínua desses grupos. Dar-lhes ideias, sacadas sobre infraestrutura, para apoiá-las no processo de crescimento dos nossos grupos. Por exemplo, estou apoiando a empresa no desenvolvimento de um grupo de rede de pessoas LGBTQIAP+ totalmente estabelecido, entre outros, dentro de nossos negócios no Reino Unido, que é uma extensão localizada do grupo global pré-existente.

Esses grupos são liderados pelas vozes e experiências vividas por pessoas marginalizadas, mas eles também incluem pessoas aliadas, pessoas de fora das comunidades que são apaixonadas e querem fazer a diferença.

O que você diria para alguém que pensa que ser parte da comunidade LGBTQIAP+ não tem nada a ver com trabalho?

Eu acho que é muito importante poder desafiar essas ideias. Se não criarmos ambientes nos quais todas as pessoas podem trabalhar sendo autênticas, perderemos no que diz respeito a capitalizar o potencial delas e, finalmente, a contribuição que elas podem dar ao nosso negócio.

Empresas inclusivas com diversidade de pensamento e vivências superam aqueles que não têm diversidade, e observamos isso repetidamente nas estatísticas. Faz sentido comercialmente falando e, francamente, ter equipes mais diversas é bem mais divertido!

Leia tambem: O que é um líder de Diversidade e Inclusão?

Quais empresas estão realizando avanços para a comunidade LGBTQIAP+?

Para mim, qualquer empresa com um conjunto de políticas robusto e inclusivo e grupos de rede de pessoas funcionárias baseados em ações são bons exemplos de progresso.

Por exemplo, olhar para coisas como políticas familiares e ter certeza de que são inclusivas e não apenas para famílias heteronormativas. Além disso, o desenvolvimento de uma política para pessoas trans e não binários, que inclui tolerância zero para transfobia bem como orientação prática para as lideranças apoiarem pessoas que estão se assumindo como pessoas trans ou não-binárias.

Acho que outro importante marco de empresas que fazem bem em relação a esse tema é a expansão da cobertura médica privada para apoiar pessoas que possam estar em maior risco. As estatísticas contam que pessoas LGBTQIAP+ estão mais passíveis de sofrer com desafios de saúde mental, portanto, é essencial para as companhias assegurar que o bem-estar e os pacotes de benefícios também apoiem as pessoas LGBTQ+.​

Na sua opinião, por que o Orgulho é algo tão importante a ser celebrado?

É importante ter épocas especificas do ano nas quais o foco do mundo todo destaca as vozes marginalizadas. É uma oportunidade de se sentir seguro, apoiado e sentir que todos tiveram seu momento ao sol.

Também é uma oportunidade de honrar pessoas mais antigas que fazem parte da comunidade, relembrar traumas e tragédias que aconteceram no passado. É importante porque nos lembra que, apesar de todo o progresso que fizemos, ainda podemos dar passos para trás, e temos que resistir a isso.

O que significa Orgulho para você?

Mesmo no trabalho que eu faço, no qual tenho o enorme privilégio de realizar grandes feitos de Diversidade e Inclusão e promover isso em empresas como a Robert Half, eu não estou imune à emoção que que surge quando eu penso no mês do Orgulho.

Orgulho não é ter um momento no qual ser parte da comunidade LGBTQIAP+ é celebrado. Para mim, fazer parte do Orgulho, que o Orgulho exista, é uma inversão do status quo. Em vez das coisas estarem contra você, em vez da homofobia, da bifobia e da transfobia, o mundo está com você. E isso significa muito.

Quais são as três coisas que as pessoas podem fazer para serem aliadas melhores no local de trabalho?

Eduque-se, antes de tudo. Não há desculpa para não se educar sobre as experiencias vividas por pessoas diferentes de você. O conteúdo é tão acessível e variado: escute um podcast, acesse um vídeo, assista uma série, veja um documentário, se você quer o título de aliado, a educação é fundamental.

Segundo, aconselho você a escutar primeiro e falar depois. Escute, e amplifique, as vezes de pessoas em comunidades marginalizadas. Escute ativamente e não tire mais espaço de pessoas que tiveram pouco espaço no passado, e nem sempre desfrutaram das mesmas liberdades que você.

E por fim, apareça. Participe e esteja disposto a se expor. Pergunte-se sobre como você pode se envolver no Orgulho, haverá eventos nas comunidades por todo o Reino Unido, e é crucial demonstrar solidariedade. Se você não se sente capaz ou confortável de se envolver fisicamente, você pode doar para uma caridade ou adquirir conteúdo criado por criadores da comunidade LGBTQIAP+.

Quais filmes ou series você recomenda para que as pessoas aprendam mais sobre a comunidade LGBTQIAP+?

O conteúdo inclusive é muito importante. Para algumas pessoas da comunidade LGBTQIAP+, ele é uma das únicas janelas para as pessoas entenderem o mundo que as representa. Se você quer maratonar, não tem conteúdo melhor que a série RuPaul’s Drag Race! É um microcosmo e demonstra a evolução do pensamento sobre o que é ser LGBTQIAP+ no mundo moderno no que diz respeito a questões como a importância da inclusão trans e não-binária.

Também há um documentário incrível na Netflix chamado Revelação (Disclosure), de 2020, que dá um quadro de referência para experiências vividas trans e não-binárias, o que é muito bom. Se você procura uma representação comovente sobre a crise do HIV/AIDS, não há conteúdo melhor do que o filme “It’s a Sin” (É um Pecado, em português), de Russell T Davies.

Se você está procurando algo curto e conciso, há um ótimo podcast chamado The Log Books (Os Livros de Registro, em português), que narra a história da Switchboard, uma organização que existe há décadas, apoiando pessoas LGBTQIAP+ desde 1974. Há também um podcast chamado Homo Sapiens, que fala sobre questões LGBTQIAP+ de forma acessível. Ah, e a série Schitt's Creek! Uma história linda e comovente.