Quais habilidades são tradicionalmente associadas às mulheres?  

Karina Perez Galindo É comum dizer que homens e mulheres possuem soft skills diferentes, além de personalidades e experiências que influenciam a maneira com que desempenham um papel executivo. Mulheres são vistas, tradicionalmente, como mais empáticas, mas também costumam se questionar mais sobre suas habilidades e experiência; os homens podem demonstrar mais autoconfiança e acreditar em suas habilidades. A realidade pode ser outra, mas as habilidades pessoais certamente são consideradas mais importantes atualmente.

Noëmie Cicurel Diversidade, equidade e inclusão (DEI) é um pilar frequentemente defendido por mulheres. Também vejo mais mulheres se envolvendo com oportunidades de aprendizado e desenvolvimento, adotando uma mentalidade de crescimento e usando habilidades de colaboração. Elas são boas em enxergar o quadro geral, com os detalhes de uma situação e trabalhar em equipes.

Vanessa Sproedt-Graef Cresci em um ambiente de trabalho permitiu com que eu desenvolvesse minha carreira: percebi rapidamente que ser eu mesma e ser autêntica era algo importante. Quando vim para Frankfurt, algumas pessoas me chamaram de "gestora do bem", porque eu queria observar o negócio e entender o que motivava as pessoas. Esse foi um processo natural para mim: se os colaboradores entendessem o motivo pelo qual estavam fazendo algo, engajá-los seria um processo mais fácil. 

Por que essas habilidades são importantes agora?

Noëmie Empresas querem atrair pessoas jovens, que confiam nas coisas que veem, e não nas informações apresentadas em uma página de internet. Quando uma empresa fala bastante sobre o pilar de DEI e não demonstra preocupação real com a questão da diversidade durante um processo de entrevistas, os candidatos enxergam isso. Os Millennials e a Geração Z questionam as empresas sobre DEI, impacto ambiental, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e também querem saber como suas carreiras irão se desenvolver. 

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Karina O local de trabalho tem mudado por muitos anos, mas a pandemia do Covid-19 acelerou certas tendências: ambientes remotos e híbridos destacaram a importância das soft skills e deram mais escolha aos candidatos. Flexibilidade, inteligência emocional e comunicação são mais importantes agora porque elas ajudam líderes a trabalhar melhor com times distribuídos, entendendo os valores e a motivação das pessoas também ajuda a retê-las de maneira melhor em um mercado competitivo.

Vanessa Quando iniciei minha carreira, eu obtive experiência por meio de estágios antes de conseguir um emprego. Trabalhei 12 horas por dia, movida por conquistas constantes, mas atualmente temos outra mentalidade. As gerações mais novas nos mostraram a importância de fatores como saúde mental, feedback, treinamento e flexibilidade. A pandemia acelerou essas tendências, como a Karina disse, mas a fidelidade e o engajamento agora vêm do desenvolvimento de uma cultura que reflete essas prioridades.

Até que ponto as lideranças estão adotando essas habilidades atualmente? Você pode compartilhar alguns exemplos?

Karina As empresas estão fazendo o melhor que podem, mas elas querem ser justas tanto com os homens como com as mulheres. Se qualquer agenda for forçada demais, ela pode ter o efeito oposto. O progresso pode iniciar de maneira silenciosa, com cada uma de nós em posições de liderança ajudando colegas a aprender algo novo, ou dando feedback sobre suas habilidades. A mudança no comportamento nem sempre precisa de uma política, e sim, de ações.

Vanessa Se vivemos e respiramos essas soft skills, isso impactará nossos comportamentos: quanto mais entendermos como essas habilidades influenciam a cultura e desenvolvermos uma gama de candidatos diversos, mais poderemos ajudar clientes a fazerem o mesmo.

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Karina Quando eu trabalhava no Chile, eu conheci duas executivas chefes que eram muito orientadas para pessoas, e ambas foram promovidas para posições sênior internacionais. As empresas geralmente prosperam porque são administradas por pessoas com um bom equilíbrio de habilidades. Mas eu diria que as habilidades interpessoais são a diferença entre os candidatos executivos no momento.

Vanessa Já vi uma empresa em um setor dominado por homens nomear sua primeira executiva-chefe. Ela começou desenvolvendo todo o tabuleiro. No processo de busca, ela pediu listas realmente diversificadas e manteve uma vaga aberta por um período mais longo do que o normal para encontrar a melhor pessoa, com as habilidades e a mentalidade certas. Ela mudou a cultura passo a passo, melhorando a diversidade e o desempenho comercial também.

Noëmie Empresas criativas desejam atrair pessoas neurodiversas porque elas se beneficiam de diferentes estilos de pensamento, mas elas reconhecem a necessidade de adaptar o estilo de liderança para recrutar e reter essas pessoas. Soube de uma empresa na França que nomeou um líder de diversidade e inclusão para melhorar a atração e a retenção de candidatos neurodiversos. Eles também deram ferramentas e conhecimento aos líderes para que eles trabalhassem com essas pessoas de maneira efetiva.

O que você diria às líderes executivas que desejam desenvolver suas habilidades interpessoais?

Vanessa Tenha uma visão ampla, seja paciente e não tome decisões a curto prazo. Primeiro, olhe para a cultura da empresa e pense no que você deseja criar. A partir disso, traga as pessoas certas para a companhia, não importa o quanto isso demore, e tenha certeza de que os valores estão sendo demonstrados pela equipe executiva atual. As empresas precisam ter uma visão e envolver as pessoas certas. Essa é a chave.

Noëmie É importante desafiar os vieses. O escritor francês Olivier Sybony foi co-autor do livro "Noise" com Daniel Kahneman e Cass Sustein, que explora tomadas de decisão falhas. É importante ter um grupo de pessoas que discorda de suas visões, ele diz. Além disso, líderes executivos devem sempre considerar as "habilidades malucas" das pessoas - desenvolvidas por meio de seus passatempos e experiências de vida, porque elas podem influenciar o desenvolvimento das soft skills.

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Biografias Resumidas das Especialistas 

Karina Perez Galindo é diretora executiva da Robert Half Executive Search na Holanda desde março de 2022 e se mudou para a Europa depois de mais de uma década construindo as operações da empresa no Chile.

Noëmie Cicurel começou a trabalhar na Robert Half em 1999. Após construir com sucesso os negócios da empresa na França por mais de duas décadas, ela se tornou a diretora de aprendizado e desenvolvimento da França, Alemanha, Benelux e Suíça.

Vanessa Sproedt-Graef é diretora administrativa das operações da Robert Half em Frankfurt, Rhein-Main e Mannheim. Ela ingressou na empresa em janeiro de 2021 e possui mais de 15 anos de experiência em consultoria de empresas em toda a cadeia de valor de RH.