Contratações transnacionais: desafios para as empresas e profissionais
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Mais de 80% dos 7.300 profissionais que participaram de uma sondagem on-line da Robert Half afirmaram que estariam interessados em se mudar para o exterior para trabalhar durante 2022, ou seja, aderir ao modelo de contratações transnacionais. Com a consolidação do trabalho remoto, esses profissionais que estão abertos às oportunidades de outros países nem precisam mais se dar ao trabalho de lidar com as burocracias de visto, cidadania e passaporte. Isso porque organizações estrangeiras adeptas do modelo work from everywhere têm mirado bastante nos profissionais brasileiros, conhecidos pela capacidade criativa e de adaptabilidade.
O que tem contribuído para esse movimento
Além da consolidação do trabalho remoto, outros fatores que têm contribuído muito para o aumento desse assédio são a recente flexibilização da legislação trabalhista do Brasil e o câmbio favorável para o contratante que tem sede no exterior. Sabe qual é o resultado disso? Novas e atrativas oportunidades para as empresas e candidatos brasileiros, mas também uma soma de desafios, tanto para os próprios profissionais quanto para as organizações brasileiras que estão tendo que enfrentar a fuga de talentos em um mercado já complicado.
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Desafios para os profissionais
Nesse contexto, acredito que o principal desafio para os profissionais brasileiros é ter a certeza de que a contratação em questão trata-se de uma oportunidade que realmente vale a pena. Na dúvida, prefira que as negociações sejam intermediadas por uma empresa especializada em recrutamento que tenha escritório no Brasil. Porém, independentemente dessa intermediação, sugiro os seguintes cuidados:
● Avalie seu atual momento profissional, como essa oportunidade se encaixa no seu plano de carreira e se ela realmente vai agregar valor para o seu currículo;
● Caso a contratação envolva trabalhar em um fuso horário diferente do que tem costume, verifique o quanto essa mudança vai impactar na sua rotina e das pessoas que convivem com você;
● Investigue a reputação da companhia e do profissional que fará a gestão do seu trabalho;
● Exija um contrato bem estruturado, com direitos, deveres, escopo de trabalho e acordos relacionados a remuneração, entregas e possível rescisão;
● Pesquise detalhes do recebimento do pagamento, incluindo questões tributárias;
● Na possibilidade de uma contratação não permanente, não esqueça de conferir qual é o prazo do projeto em questão.
Desafios para as empresas brasileiras
Diante da antiga e persistente dificuldade para encontrar profissionais qualificados no mercado de trabalho brasileiro, essa tendência de fuga de talentos e profissionais qualificados para fora do Brasil exige que as empresas revejam seus planos de atração e retenção de profissionais. Isso inclui tanto pacotes de remuneração e benefícios quanto ambiente de trabalho, cultura organizacional, planos de carreira e desenvolvimento. Até mesmo as boas práticas de ESG devem estar no radar da companhia.
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Nenhum dos pontos que levantei nesse texto têm o objetivo de desestimular os profissionais ou alarmar as empresas brasileiras. O objetivo é apresentar cenários e estimular a reflexão. É em momentos como esse que temos um solo fértil para evoluir como profissionais e empregadores.
*Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half para a América do Sul