Por Fernando Mantovani

Vez ou outra me deparo com profissionais de diferentes gerações que fazem o seguinte desabafo: “sou qualificado, mas não tenho emprego”. Quando me vejo neste tipo de conversa, sempre sugiro que a pessoa faça uma análise sincera do próprio perfil e das práticas que vem adotando, com base em cinco perguntas:

  1. Você é realmente bom no que faz? Minha experiência no contato com profissionais diz que 90% das pessoas que passam por uma avaliação 360 graus tendem a se autoavaliar com uma nota superior a que seus chefes ou pares lhe atribuem. Então é preciso ter bastante humildade para responder essa questão e ter muita segurança sobre a qualidade de sua performance à frente dos projetos.
  2. Quais são seus pontos de melhoria? Em geral, quando nos comparamos a outro profissional, destacamos o que nós temos de bom e o outro tem de ruim. Mas, como ficaria a lista se elencarmos também os nossos pontos de melhoria e as vantagens competitivas do outro. O mapeamento deve considerar o perfil técnico e comportamental. Aqui, não se trata de se rebaixar, mas sim de promover uma comparação mais justa com todos os envolvidos.
  3. Como está o seu nível de exigência diante das oportunidades? Já vi profissionais recusando salários compatíveis com os praticados pelo mercado por avaliarem que mereciam receber mais. Mas, entenda que ganhar muito ou pouco é uma avaliação bastante relativa e deve, inclusive, levar em conta a situação econômica do País, da empresa e do setor de atuação, além da questão de oferta e demanda.
  4. Você está procurando da forma correta? Elaborar um currículo padrão e sair distribuindo para uma relação de e-mails não é nada estratégico. Minha recomendação é, se possível, aproveitar esse momento de recolocação para estruturar ou revisar seu plano de carreira, identificando onde está, onde quer chegar e quais caminhos precisa percorrer. Assim, será mais fácil identificar em quais empresas faz sentido focar seus esforços e produzir um currículo personalizado para cada oportunidade. 
  5. As pessoas sabem que você está em busca de recolocação? Comunique parentes, amigos e antigos colegas do mercado sobre a sua disponibilidade para avaliar novas oportunidades. Aproveite o tempo livre para reencontrar pessoalmente antigos contatos e conhecer pessoas novas em cursos, palestras e eventos. A indicação para um novo emprego pode vir de onde você menos espera.

É claro que, em um país onde a economia não cresce na velocidade desejada, sempre vai haver o desemprego estrutural. Mas, com boa qualificação e boas práticas na busca por vagas, dificilmente um profissional qualificado fica desempregado por muito tempo. Inclusive, o histórico do ICRH mostra que o nível de desemprego entre pessoas com idade igual ou superior a 25 anos e formação superior completa é bastante inferior, se comparado à população geral.

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*Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half para a América do Sul