Por Fernando Mantovani
A dinâmica do processo de seleção é o cartão de visitas de uma companhia diante dos candidatos. Aqui, refiro-me a questões básicas, como: formatação de claro escopo da vaga; definição e cumprimento do cronograma de recrutamento; boa estrutura do fluxo de comunicação com os candidatos e remuneração compatível à praticada pelo mercado.
Vez ou outra deparo-me com empregadores que se viram cara a cara com o profissional dos sonhos, mas, ao fazerem a proposta final de emprego, foram surpreendidos com a notícia de que a concorrência foi mais rápida. Isso acontece, em geral, porque os profissionais têm guiado a própria carreira por questões que vão além da financeira. E, neste caso, muitos optam por trabalhar em locais que demonstraram entender o valor de ter bons profissionais na equipe já no processo de seleção.
Meu conselho é: não frustre profissionais antes mesmo que eles façam parte da sua equipe. Essa atitude tende a quebrar a relação de confiança entre vocês e colocar em risco a reputação da companhia. Por essa razão, convido você a refletir sobre três questões:
- Sua empresa já perdeu algum profissional de talento em decorrência de um processo seletivo ineficiente ou demorado? Uma pesquisa da Robert Half revelou que 84,7% dos 1000 profissionais brasileiros entrevistados aceitaram a oferta de um emprego que estava em segundo lugar em sua lista de prioridades porque o empregador da primeira opção demorou muito para dar o retorno sobre a entrevista.
- Em média, quanto tempo demora o processo de seleção na sua empresa? Os profissionais estão cada vez mais exigentes e sedentos por respostas rápidas, como se vivessem inseridos em um aplicativo de mensagens instantâneas. No mercado atual, 37,8% dos candidatos estão dispostos a esperar o retorno por uma semana; 27,3%, até 15 dias, e 19% esperariam até um mês.
- Sua empresa já mensurou os prejuízos de perder um profissional ainda no processo de seleção? 55% dos profissionais brasileiros já esperaram um mês ou mais pelo retorno de uma entrevista de emprego. Essa demora tende a refletir em: prejuízo para a reputação da companhia; sobrecarga da equipe interna; e paralização de atividades que dependem desse novo profissional. Acrescente à conta prejuízos de tempo e de produtividade da equipe responsável pelo processo de seleção.
Pessoas são o principal ativo de uma empresa e é por isso que o processo de seleção deve ser encarado como uma ação estratégica do negócio.
Dê prioridade para ser prioridade!
*Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half para a América do Sul