Por Fernando Mantovani

Com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo, todo profissional que deseja se destacar entre os demais e ter uma carreira sólida precisa de planejamento de carreira. Aqui, falo, basicamente, sobre saber onde está, onde quer chegar e quais são os caminhos para alcançar os objetivos. É sobre dar passos de forma planejada, sem ficar à mercê do acaso, do destino ou dos planos de outras pessoas, o que, em muitos casos, pode levar à frustração.

Eu, particularmente, acredito que nenhum profissional deveria ingressar no mercado de trabalho sem um plano de carreira. Mas, seja qual for o seu momento profissional, agora pode ser um ótimo momento para você parar e refletir, principalmente considerando que estamos no início do ano e que viemos de meses de tantas reflexões sobre o que queremos, merecemos e valorizamos.

Todo planejamento requer paciência. Mas, acredite, ele é a base das melhores decisões na vida pessoal e profissional. Com relação à carreira, eu recomendo que ele seja feito em 7 etapas:

Pense no longo prazo

Eu costumo comparar a trajetória profissional ao ato de subir uma escada, sendo o último degrau o cargo máximo que você pretende ocupar ao longo da sua trajetória. Quando faço ou sugiro esse planejamento, eu, literalmente, desenho uma escada em um papel para poder visualizar melhor o caminho.

Agora que você sabe onde deseja chegar, registre nos degraus que antecedem o topo, de forma decrescente, qual é a sequência de cargos que os profissionais costumam ocupar nessa trajetória. Caso não tenha essa informação, vale pesquisar o currículo de profissionais que você admira ou se destacam no mercado. Nessa fase é importante pesquisar quanto tempo, em geral, as pessoas ficam em cada um dos cargos.

Mapeie as habilidades necessárias para essa jornada

Em cada um dos degraus, liste quais são as habilidades técnicas e comportamentais necessárias para desempenhar bem cada função. Esse mapeamento tende a evitar que você seja barrado em uma promoção por não dispor de uma qualificação que não estava no seu radar.

Avalie as possibilidades existentes no mercado

Considerando essa trajetória desejada, quais são as oportunidades existentes no mercado? Aqui, a ideia é avaliar em empresas de quais segmentos e portes existem oportunidades para que você alcance seu objetivo final. Com quais delas você tem mais afinidade e em quais não faz sentido trabalhar. Ter essas ideias claras na cabeça também ajuda a tomar futuras decisões.

Crie metas pessoais e cumpra

Com esses dados em mãos, faça uma avaliação sincera sobre as habilidades que possui e as que precisa desenvolver ou aprimorar. Depois, considerando essas informações, defina metas com datas para iniciar e concluir a aprendizagem. Uma das piores sensações que um profissional pode experimentar é não estar preparado quando uma oportunidade se apresenta.

Crie e fortaleça seu networking

Muitos profissionais deixam de desfrutar dos benefícios do networking pela falta de habilidade de criar e manter conexões saudáveis ao longo de toda a jornada profissional. Muitos só se lembram da lista de contatos quando precisam de um favor, algo que costuma passar uma péssima impressão para quem está ao nosso redor. Nessa relação, vale incluir pessoas que trabalham nas organizações pelas quais deseja passar ou do seu mercado de atuação. Nunca sabemos de onde pode vir a próxima proposta ou indicação.

Leia também: O que é networking?

Um degrau por vez

Com tudo isso estruturado, é hora de entender qual é o seu próximo passo com relação à posição que ocupa agora. É fundamental, ainda, que, a cada degrau escalado você faça uma reflexão sobre o que te fez avançar, se as suas motivações continuam as mesmas e se há necessidade de fazer algum ajuste na rota e nos planos.

Carreira é um investimento de longo prazo e, em geral, nossa satisfação com ela costuma ter um impacto significativo na qualidade da nossa vida. Por isso, não é saudável, em nenhum aspecto, simplesmente sair caminhando sem rumo.

É claro que temos profissionais de sucesso que se renderam ao acaso, mas, acredite, eles são minoria. Eu, particularmente, sigo preferindo o planejamento. Ainda que ele não seja a garantia absoluta do sucesso, sem dúvida, é o que reduz de maneira considerável as chances de fracasso e frustração.

*por Fernando Mantovani, diretor geral da Robert Half para a América do Sul