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Por Fernando Mantovani

Ano novo, trabalho novo. Esse poderia ser um bom lema para os próximos meses, já que quase metade dos profissionais (49%) ouvidos na 22ª edição do Índice Robert Half (ICRH) pretendem procurar um novo emprego em 2023. É um número expressivo, especialmente se considerarmos todos os desafios envolvidos nessa empreitada: tempo, dinheiro, expectativas, imprevistos, possibilidade de negativas. E quando tudo dá certo, ainda há o risco de a troca realizada não corresponder ao esperado.

​De acordo com o ICRH, a vontade de mudança está mais relacionada à insatisfação com o atual emprego do que a qualquer outro aspecto. Para 61% dos profissionais entrevistados, a ideia é mudar de empresa e permanecer na mesma área, segmento ou profissão. Apenas entre 39% o plano envolve uma mudança maior na carreira (de área, segmento ou profissão).

Qual é a principal motivação dos colaboradores?

Por que tanta gente quer respirar novos ares? As respostas são muitas. Para os que procuram outra empresa (e contrariando o senso comum), a remuneração aparece em segundo lugar entre as motivações, sendo apontada por 53% dos entrevistados. A imensa maioria (72%) afirma que a razão para o desejo de mudança é a busca por melhores oportunidades de crescimento.

Para 48% dos que procuram outra organização, o motivo é encontrar novos desafios. E para 33% dos profissionais ouvidos, a possibilidade de trabalhar de modo híbrido ou remoto impulsiona essa intenção, reafirmando a importância que a flexibilidade adquiriu na vida das pessoas desde o início da pandemia. Horários flexíveis são entendidos como um caminho certo para a o bem-estar e a saúde.

Já no grupo dos profissionais que planejam uma guinada na carreira, 71% têm na mira uma remuneração mais elevada. Para 51% dos entrevistados, a prioridade é ganhar mais qualidade de vida. A busca por realização pessoal aparece como fator decisivo entre 47% dos profissionais ouvidos.

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Ainda no grupo dos que gostariam de mudar de área, segmento ou profissão, a perspectiva de aprender algo novo é fundamental para 38% dos que participaram da pesquisa. E a procura por mais flexibilidade vem em seguida, sendo o mais relevante para 35% dos entrevistados.

Vale frisar que demandas como obter mais flexibilidade, crescimento e aprendizados poderiam, teoricamente, ser atendidas pela própria organização onde o profissional se encontra, com uma mudança de área ou de horário.

Na prática, porém, nem todas as empresas estão com o radar ligado para detectar esses anseios. E quando os detectam, muitas vezes não conseguem propor alternativas por conta de inúmeros obstáculos (cultura, hierarquia, tipo de operação etc).

Uma das mensagens-chaves dessa pesquisa é que a recompensa financeira pesa bastante nos dois grupos que desejam mudanças em 2023, mas está longe de ser um fator isolado. Outras aspirações, relacionadas à evolução na carreira e ganho de qualidade de vida, destacam-se cada vez mais.

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Benefícios e incentivos que fazem a diferença

É hora, então, de as empresas se concentrarem na necessidade de criar (ou recriar) estratégias de atração e retenção de talentos que contemplem uma gama variada de demandas. O ano será de movimentações, o que pode ser uma boa oportunidade para reforçar os times e garantir a permanência dos bons profissionais.​

Guia Salarial da Robert Half​ ​

No Guia Salarial da Robert Half você encontra a mais completa pesquisa salarial e um estudo sobre tendências de contratação no mercado brasileiro.​ ​

Um cardápio reforçado e atualizado de benefícios ajuda nesse sentido. Abaixo, relacionei alguns insights sobre esse tema, que está em constante transformação e requer o mesmo das organizações:

- incentivos não-financeiros - flexibilidade, mobilidade, valores e cultura da organização são exemplos de incentivos não-financeiros que estão em alta entre os profissionais;

- benefícios motivacionais – ao lado dos benefícios financeiros (auxílio- médico, odontológico etc), iniciativas dedicadas à qualidade de vida (meditação, psicoterapia, yoga, academia e similares) fazem brilhar os olhos dos colaboradores;

- os top ten das empresas - assistência médica, vale-refeição, notebook, assistência odontológica, vale-alimentação, vale-transporte, celular+chip, estacionamento, auxílio combustível e apoio psicológico são os benefícios mais oferecidos no Brasil;

- os top five dos funcionários – o que os times consideram indispensável em termos de benefícios são assistência médica, vale-refeição, vale-alimentação, assistência odontológica e auxílio-combustível.

Conhecer bem as próprias equipes e o mercado é o primeiro passo para estruturar um pacote de benefícios “certeiro”. Em alguns casos, a solução pode ser melhorar o que já existe (como a assistência médica). Em outros, talvez seja interessante propor ações inovadoras. O principal é manter-se atento às demandas dos profissionais e atendê-las da melhor forma possível.

*Fernando Mantovani é diretor-geral da Robert Half para a América do Sul