Dicas para renegociar salários neste início de ano
- Reflita sobre a situação ao redor e o seu perfil
- Chame o gestor para uma conversa franca
- Justifique o motivo para receber o aumento
- Prepare-se para negociar
- Não faça cobranças ou chantagens
- Dependendo da situação, considere mudar de emprego
- Busque trabalhar em uma função que possa oferecer um salário maior
- Invista no seu desenvolvimento profissional
por Fernando Mantovani
Já faz um tempo que a sensação de felicidade dos profissionais no trabalho está relacionada a fatores que vão além de questões financeiras, como ter orgulho da organização, ser tratado com igualdade e respeito e se sentir valorizado pelo que faz, como mostra o estudo Chegou a Hora de Ser Feliz no Trabalho. Mas isso não quer dizer que o salário e os benefícios não sejam importantes. Afinal, todos nós, no final do dia, do mês e ao longo da vida, temos necessidades materiais que também contribuem para o nosso sentido de realização.
E é no começo do ano, quando chegam aquelas habituais faturas do período, que muitas pessoas se dão conta de que, talvez, não estejam recebendo o salário que merecem ou desejam. O tema é bastante sensível, mas, com uma boa dose de bom senso, é possível abordá-lo com o gestor. Recomendo oito estratégias:
1) Reflita sobre a situação ao redor e o seu perfil
Antes de partir para qualquer conversa sobre aumento salarial, pesquise como está a situação financeira da empresa e o mercado de atuação. Avalie ainda como anda o clima organizacional, a sua reputação na companhia, suas qualificações com relação à função que desempenha e sua remuneração, com relação à praticada no mercado. Ao avaliar esse último item que citei, vale considerar estudos como o Guia Salarial da Robert Half. Um colaborador que solicite aumento salarial em um momento inadequado, além de ter mais chances de receber uma negativa, ainda tende a passar a impressão de ser uma pessoa desatenta, ou que não tem a visão do todo das situações.
CHEGOU A HORA DE SER FELIZ NO TRABALHO
Na Robert Half entendemos que uma equipe motivada e empenhada é uma equipe feliz e produtiva. Profissionais que trabalham felizes se sentem valorizados e fazem contribuições reais.
2) Chame o gestor para uma conversa franca
Se você fez esse mapeamento e acredita que o momento é propício, chame o gestor para uma conversa franca. Prefira agendar, para evitar surpreendê-lo em um momento inapropriado. Sempre acredito que um bom olho no olho, ainda que seja virtualmente, é a melhor forma de resolver questões pessoais e profissionais, das mais simples às mais complexas. Até que o encontro aconteça, evite pulverizar sua insatisfação com os colegas de trabalho ou deixar que seu desânimo interfira na qualidade das suas entregas.
Leia também: Como lidar com o trabalho sob pressão?
3) Justifique o motivo para receber o aumento
A recomendação é que a justificativa tenha como base o mérito, e não questões pessoais. Dessa forma, evite dizer que precisa de aumento porque trocou de carro, casou, teve um filho ou saiu da casa dos pais. O ideal é que você estruture o argumento com base em suas habilidades técnicas e comportamentais, além do seu desenvolvimento na organização e suas contribuições positivas para o negócio. De preferência, com dados e fatos.
4) Prepare-se para negociar
Nesse bate-papo, pode acontecer de você não conseguir de cara o que deseja. É possível que o seu gestor imponha algumas condições para conceder o aumento que você quer. Também pode acontecer de ele oferecer outros benefícios para compensar o aumento salarial desejado. Os rumos da conversa podem variar bastante. Aqui, reforço a importância de manter a conversa em um tom amigável. Assim, você terá um ambiente mais propício para pedir um tempo para refletir sobre a proposta, se for o caso.
5) Não faça cobranças ou chantagens
A conversa deve ser mantida em um tom profissional e maduro, totalmente focada no seu mérito, que deve ter como base suas entregas e conquistas. Faço este lembrete para destacar que não costuma ser bem-sucedido o profissional que pede um aumento alegando que já tem uma proposta da concorrência ou que, caso receba uma negativa, vai começar a enviar currículos. O que você pode fazer diante de um “não” é, com educação e bom senso, questionar o motivo e, dependendo do retorno, perguntar quando o gestor acredita que vocês podem voltar a conversar sobre o assunto.
6) Dependendo da situação, considere mudar de emprego
Seu gestor não precisa dar um retorno imediato para seu pedido. Ele pode pedir um tempo para avaliar o que vocês conversaram. Porém, é direito seu tentar agendar uma data para que voltem a conversar sobre o tema. Agora, caso a resposta – positiva ou negativa – do seu gestor demore a chegar, mesmo após algumas gentis tentativas, talvez seja uma mensagem clara do seu futuro na empresa. Nesse caso, recomendo que você considere se abrir para avaliar as oportunidades existentes no mercado e a sua valorização nele.
7) Busque trabalhar em uma função que possa oferecer um salário maior
Em funções com escassez de profissionais de talento, em geral, as empresas estão mais dispostas a pagar mais para ter o perfil desejado. O Guia Salarial da Robert Half traz boas informações sobre isso. Nele, ano a ano, é possível ter acesso aos cargos em alta e as habilidades técnicas e comportamentais demandadas pelas organizações, além das médias salariais dessas funções. Com esses dados em mãos, você pode readequar os próximos passos do seu plano de carreira, para alcançar a remuneração desejada de uma forma mais estruturada.
8) Invista no seu desenvolvimento profissional
Como garantir a empregabilidade e salários mais justos? Assuma o comando do seu desenvolvimento profissional, entenda que você é o seu maior projeto. Lembra que, na semana passada, eu falei sobre a importância da educação continuada? É esse tema que trago novamente neste tópico. Na prática, isso quer dizer: de tempos em tempos, avalie a necessidade de aprimorar ou desenvolver habilidades e qualificações. Acredite, pode ser muito frustrante perder uma oportunidade de trabalho por falta de preparo.
O assunto “negociação salarial” pode ser bastante delicado. Por isso, você tem de se cercar de argumentos fortes, que demonstrem o quanto você já contribuiu para a organização e o quanto ainda tem a agregar, e que também lembrem, para você mesmo, do seu real valor. Assim, você terá mais recursos internos para tomar as melhores decisões.
Aqui, neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half.
*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar.
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