Por Fernando Mantovani
Dos 300 executivos brasileiros entrevistados pela Robert Half para o estudo especial Demanda por Talentos no Cenário Atual, 50% acreditam que será mais desafiador encontrar profissionais qualificados no país em 2021. A porcentagem, infelizmente, não me surpreende, porque há mais de 10 anos acompanho o garimpo da minha equipe e de líderes em geral por pessoas que os mantenham o mais longe possível de contratações equivocadas, o que sempre gera muitos prejuízos à organização.
Independentemente do cenário econômico ou político do país e do mundo, profissionais de talento sempre são muito demandados. Às vezes, menos em um setor e mais em outro, mas a demanda sempre vai existir porque as organizações precisam de pessoas para inovar e liderar seus projetos ou fazer com que planos virem realidade no dia a dia. Prova disso é que nesse 2021 de recuperação e reconstrução um em cada três empregadores do Brasil já sinalizaram que planejam expandir o quadro de funcionários, principalmente em e-commerce, agronegócio, saúde, varejo, energia e recursos naturais.
Talvez você esteja se perguntando o que é um profissional de talento
Considero um talento aquele profissional que, em sintonia com a cultura e os valores da empresa, cumpre as metas desejadas ou supera expectativas, além de ter as qualificações técnicas e comportamentais necessárias para o cargo que ocupa. Com os movimentos do mercado de trabalho gerados pela pandemia, hoje, é imprescindível que ele esteja disposto a quebrar paradigmas para crescer e se destacar, com grande capacidade de autogerenciamento e habilidade e disposição para aderir à novas tecnologias que não param de surgir para otimizar os processos.
Como ser o candidato escolhido?
Certa vez, o presidente das operações internacionais da Robert Half, Greg Scileppi, que tem vasta experiência em recrutamento e seleção, disse uma frase que eu acredito muito: “Há uma diferença entre ser capaz de fazer o serviço e deixar o serviço pronto”. Para mim, essa afirmação sempre soa como um convite para uma autoavaliação sincera. Quando você souber suas qualidades e em quais pontos precisa melhorar, terá mais facilidade para se preparar, e se promover diante das melhores oportunidades de trabalho.
Não esqueça também de ter sempre um bom currículo em mãos. É importante, ainda, dedicar tempo para se preparar para as entrevistas e, paralelamente a tudo isso, não descuide do networking. E, um ponto muito importante nesse processo todo: a habilidade técnica pode até te ajudar a conquistar a vaga, mas - na maior parte dos casos - é o comportamento que vai determinar a longevidade da sua parceria com o empregador.
Como contratar os melhores profissionais?
Contratar os melhores profissionais ou criar uma equipe vencedora são tarefas desafiadoras. Mas elas se tornam mais possíveis quando a empresa se dispõe a considerar que o processo de seleção é parte da estratégia do negócio e que, em alguns momentos-chave, vale a pena buscar o apoio de uma equipe especializada em recrutamento. Afinal, por mais que a tecnologia evolua, as empresas sempre serão formadas por pessoas.
Com isso em mente, a próxima etapa é manter constante atenção aos movimentos do mercado que impactam no perfil do profissional. Hoje, por exemplo, 59% dos colaboradores entrevistados pela Robert Half acreditam em empresas mais flexíveis e 70% apostam no modelo híbrido de trabalho. Além de benefícios atrativos - cuja valorização também mudou durante a pandemia - e de um ótimo clima organizacional, é fundamental também oferecer um salário, no mínimo, compatível ao praticado no mercado. Assim, fica mais fácil criar os melhores planos de atração e retenção de profissionais.
Como disse o empresário Jorge Paulo Lemann em um evento no início do ano, “o desconforto gera oportunidades”. Então, espero que aproveitemos essa escassez de talentos no Brasil nesse ano de restauração e reconstrução para encontrarmos a nossa melhor versão, como empresas e profissionais. Nesse sentido, eu, particularmente, sigo acreditando no poder do investimento em pessoas.
*Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half para a América do Sul