Por Luis Antonio Oliveira Junior

Com as facilidades geradas por um mundo cada vez mais conectado pela web, o usuário está mais exigente, visto que consegue interagir com mais empresas e comparar produtos e serviços com muita facilidade. Ao mesmo tempo em que o usuário ou cliente se beneficia do poder da escolha sem complicações e da agilidade que a web proporciona, também deseja exclusividade e importância. Isso significa que na era digital o seu cliente é o propósito da existência da empresa e é através da sua relação com ele que a fidelização se instala.

Este é o ponto onde se cria o elo entre inovação e inclusão. Sua empresa só vai entender os problemas e desejos da sociedade e entregar o que ela busca, se uma grande parte da população que hoje não está inserida na empresa puder fazer parte dela. Por isso, as companhias precisam prever e entender melhor as necessidades dos seus clientes para criar soluções bem-sucedidas. Somente com um time diversificado, que consiga representar as diferentes parcelas da população, será possível atender às demandas de grande parte da sociedade.

Equação perfeita

Acredito na premissa de que inovação não se cria apenas com tecnologias de última geração, mas sim entendendo o que seu público demanda. Temos confirmação mais do que o suficiente de que a variedade de cultura, experiências e expectativas enriquece os ambientes onde as pessoas transitam. É nesta combinação de contextos que surgem as melhores soluções, pois cada indivíduo tem uma forma única de ver um determinado assunto. Este choque de ideias leva ao desenvolvimento também dos profissionais que, ao aceitarem o debate de pontos de vista diferentes, repensam suas posições e se permitem novos pensamentos e ideias. Esta é a equação perfeita para um melhor entendimento do que seu cliente deseja.

Nossa realidade

No Brasil ainda temos uma longa trajetória com relação ao tema no mundo corporativo. O Instituto Ethos, em parceria com o BID, divulgou em 2015 uma ampla pesquisa chamada “Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 maiores empresas do Brasil e suas afirmativas”. Em relação à presença feminina nestas empresas há um sério afunilamento hierárquico: no nível de supervisão, elas são 38,8% do quadro. Cai para 31,3% no nível de gerência, 13,6% no nível executivo e 11% nos conselhos de Administração. Quando o assunto é cor ou raça, o desequilíbrio ainda é mais assustador: a população “de cor” (negros, amarelos e indígenas) representa 27,8% do nível supervisão. Cai para 9,9% no nível de gerência, 5,8% no nível executivo e 4,9% nos conselhos de Administração.

Podemos concluir que ter a inclusão como pauta estratégica permanente nas empresas vai além do benefício do ganho de imagem. Ela traz vantagem competitiva, inovação, motivação, bem-estar e, com isso, consequentemente ganhos financeiros para as empresas.

*Luis Antonio Oliveira Junior é CFO na Robert Half