Por Fernando Mantovani
Esta semana, o norte-americano Jeff Bezos, fundador da Amazon em 1994, anunciou que vai fazer uma movimentação dentro da própria companhia. Até o terceiro trimestre deste ano, ele passará o bastão de CEO para Andy Jassy e assumirá o conselho de administração da empresa, dedicando-se a projetos filantrópicos e de inovação. Como eu sempre defendo muito o planejamento de carreira, fui questionado sobre um degrau da jornada profissional desejado por muitos: o topo. Por isso, decidi escrever este artigo para refletirmos juntos.
Você pode transformar o topo em um trampolim
Por questões particulares, algumas pessoas podem escolher ou precisar interromper a jornada profissional. Bezos, por exemplo, atingiu um patamar almejado por muitas pessoas, mas minha percepção é de que ele, certamente, está com segurança financeira e motivação para criar um caminho diferente e escalar outra montanha profissional. Afinal, é perfeitamente aceitável se sentir pleno em algo que nos propusermos a fazer e, ainda assim, querer traçar novos objetivos de vida e carreira. Isso me faz crer que o topo existe, mas ele não precisa ser um freio. Você pode transformá-lo em trampolim que te impulsione para uma fase diferente da sua carreira.
Mantenha atenção à necessidade de revisão do seu plano de carreira
Parar ou não de trabalhar quando muita coisa já foi conquistada é uma decisão particular. Até mesmo porque cada pessoa tem questões individuais e legítimas que guiam a decisão. Considerando que você tenha a opção de escolher, sugiro manter atenção a sinais que indiquem: seu nível de contribuição para o mercado; o alinhamento dos seus interesses com as oportunidades que estão à sua frente; e a sua conexão com o sentimento de realização. Você ficará mais feliz parando de trabalhar ou mudando de empresa, função ou projeto você encontra uma saída para continuar se sentindo uma pessoa produtiva? Você tem intenção de, por exemplo, se preparar financeiramente para, em algum momento da vida, se dedicar exclusivamente a trabalhos voluntários, no terceiro setor ou outro projeto que acredite e, talvez, não gere tanto retorno financeiro?
É possível que, nessa análise, você descubra que, com planejamento financeiro, pessoal e profissional, seja possível, em algum momento da vida reduzir o ritmo de trabalho, focando mais na satisfação do que na remuneração. Existem várias formas de continuar profissionalmente ativo por muitos anos. Eu, particularmente, acredito que não conseguiria ficar o dia todo sem fazer nada. Não acho que seja saudável para a mente, o corpo e o espírito. Mas esse é um ponto de vista bem pessoal.
Planeje, planeje e planeje
Nenhum planejamento vai garantir 100% de segurança na jornada. Mas, certamente, serve como uma importante bússola para que você cometa menos erros no caminho. Minha sugestão é que, de tempos em tempos, você se dedique a checar se está na rota certa. Você pode começar esse mapeamento com algumas questões, como: “O que te move?”; “Qual é o seu propósito?”; “O que você quer para a vida?”; “O que é prioridade e do que precisa abrir mão?”; e “Quais são suas necessidades como pessoa e profissional?”. É um processo de se conhecer para tomar melhores decisões, inclusive quando as oportunidades ou os desafios aparecem de uma hora para outra. À medida que você vai fazendo e vivendo isso, é possível estabelecer novos objetivos, conforme metas vão sendo atingidas.
Eu tenho 46 anos e não me vejo sem fazer o que faço na próxima década, mas ainda não tenho clareza do que vou querer fazer quando estiver com 60 anos. Até mesmo porque a vida, nós e o mundo mudam em um piscar de olhos, como pudemos comprovar em 2020. Por essa razão, eu nunca deixo de perguntar para a pessoa que sou hoje o que me gera felicidade, onde eu quero chegar, do que preciso para alcançar meus objetivos e quais são os melhores caminhos para seguir.
*Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half para a América do Sul