Flexibilidade como vantagem competitiva: como se destacar no mercado
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Por Fernando Mantovani
O mês de maio registrou, oficialmente, a volta dos índices de trânsito ao patamar pré-pandemia em São Paulo (capital). Isso quer dizer que qualquer saída motorizada em horário comercial demora facilmente de 30 minutos a uma hora ou até mais, dependendo da distância ou do período do dia. Para fazer o trajeto de volta, idem. Esse é um dos principais motivos para tantos profissionais valorizarem, com toda razão, o home office e o esquema híbrido de trabalho.
Trabalhar em casa, mesmo que apenas alguns dias por semana, significa economia de dinheiro, tempo, energia física e psicológica. Ao lado da mobilidade, há diversos outros benefícios. Melhor gestão da casa, poder levar e buscar os filhos na escola, disposição para atividades físicas, possibilidade de almoçar com os pais e por aí vai. Tudo isso tende a impactar positivamente as atividades profissionais, afinal, um funcionário mais feliz, trabalha melhor.
Vida pessoal e vida profissional: o tão desejado equilíbrio
A importância de equilibrar a vida pessoal e profissional é um dos grandes legados da pandemia assim como um de seus maiores desafios. Perdemos a conta de quantos profissionais extrapolaram esses limites trabalhando de casa nos últimos anos. De toda a forma, a busca pela moderação deve ser constante e acredito que essa percepção não vá mudar tão cedo. Apesar disso, tenho observado um número crescente de empresas que estão comunicando aos seus times o retorno 100% presencial aos escritórios.
Encaro a situação atual como a mecânica de um pêndulo que ainda não chegou à sua posição central. Não sabemos como esse movimento irá se desdobrar. No entanto, os resultados da última edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH) não deixam dúvidas. A flexibilidade segue como um dos principais anseios dos profissionais qualificados. E é também uma demanda atendida por empresas preocupadas com a retenção do seu quadro funcional, especialmente porque as taxas de desemprego andam baixas e há menos profissionais disponíveis para contratação.
De acordo com os dados do ICRH, 74% dos profissionais entrevistados desejam trabalhar em um modelo híbrido ao longo do ano. Entre eles, 41% gostariam de ter flexibilidade para decidir a quantidade de dias no escritório, enquanto 33% preferem contar com a distribuição predefinida de dias remotos e presenciais.
Além disso, 57% dos colaboradores ouvidos pela pesquisa indicaram que estariam dispostos a buscar um novo emprego caso a organização não oferecesse ao menos uma modalidade de trabalho parcialmente remota. Entre esses, 33% consideram a escolha relevante, mas não decisiva. Já 24% avaliam o ponto como determinante – ou seja, seguir na empresa deixa de ser uma opção.
Por parte das empresas, a adesão à modalidade híbrida continua forte. O modelo será adotado, em 2023, por 59% das empresas entrevistadas. Já 30% optaram pelo modelo 100% presencial e apenas 6% pelo home office integral. Os 5% restantes ainda não têm uma política estabelecida a respeito do assunto.
Entre as empresas que optaram pelo modelo híbrido, 63% planejam de 2 a 3 dias por semana com os times no escritório. Para 24%, o planejamento ficará a cargo do gestor e do funcionário.
O raciocínio é simples. Se você estivesse em busca de emprego, onde optaria por trabalhar? Onde há liberdade e autonomia ou em uma companhia mais rígida? Seja qual for a resposta, está claro: um ambiente de trabalho mais flexível é desejado pela imensa maioria dos profissionais, como aponta o ICRH.
Empresas também se beneficiam da flexibilidade
A crença de que a flexibilidade é melhor para os empregados do que para os empregadores segue em alta em algumas organizações, mas a considero equivocada. A começar pelo fato de que entrar em sintonia com os times aumenta o nível de satisfação de todos e melhora o clima organizacional.
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Mas não só. Há vários bons motivos para uma organização adotar um esquema mais flexível. Destaco, a seguir, alguns deles:
- Atração e retenção de talentos – flexibilizar o modo de trabalhar significa investir em qualidade de vida, saúde mental e bem-estar. Empresas que seguem esse caminho ganham reconhecimento e admiração no mercado de trabalho;
- Melhor gestão do tempo – com o apoio da gestão, os profissionais podem manejar com mais eficiência seus compromissos e produzir sem a pressão de terminar tudo no horário comercial para ir ao médico, academia ou pegar os filhos na escola;
- Incentivo à responsabilidade – quanto mais liberdade, mais comprometido, organizado e dedicado o colaborador deverá ser para cumprir os desafios que têm pela frente.
Uma ótima solução para lidar com a flexibilização do trabalho é se guiar por bons indicadores, metas e prazos, e não por detalhes como horário, número de horas trabalhadas e outros controles burocráticos. Não tenho dúvida que sair do micro gerenciamento e se concentrar no resultado do trabalho de cada colaborador ajuda todos a produzirem com mais foco e engajamento.
*Fernando Mantovani é diretor-geral da Robert Half para a América do Sul