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Décadas atrás, chegar aos cem anos era tão raro que virava até notícia na televisão. Hoje, é comum conhecer uma pessoa que alcançou ou está prestes a alcançar um século de existência. Os avanços da medicina, da ciência e da tecnologia vêm, progressivamente, possibilitando que vivamos mais e melhor. E qual é um dos segredos para conquistar a longevidade? Manter-se ativo, se possível trabalhando e se relacionando com colegas, amigos e família.
É sabido que quem se isola, em qualquer idade, mas especialmente na maturidade, tende a adoecer mais tanto física quanto emocionalmente, reduzindo a expectativa de vida. E, ao contrário, quem permanece conectado à realidade, com planos e atividades significativas, tem grandes chances de envelhecer bem.
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Um novo cenário a ser desbravado pelas empresas
Dentro desse novo cenário, as empresas têm um papel decisivo. Sendo um espaço destinado à convivência produtiva e criativa, elas podem e devem aproveitar a bagagem de profissionais com mais anos de história. Eles são capazes de obter resultados efetivos tanto quanto outros colaboradores.
Além disso, contribuem para a formação de equipes multigeracionais, que somam conhecimentos e vivências de várias épocas. Alguém nascido nos anos 1960 tem uma perspectiva totalmente distinta de alguém que nasceu nos anos 2000.
Uma pessoa com 60 anos acumula, por exemplo, desde a cultura de trabalhar sem qualquer tecnologia digital de apoio (com jogo de cintura para pesquisar, assimilar e organizar mentalmente dados) até o domínio das mais inovadoras plataformas e dispositivos eletrônicos.
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O mercado reflete as mudanças da sociedade, aos poucos
Gosto de frisar que contratar profissionais com 40 anos ou mais não é “fazer o bem”, mas aceitar um fato comprovado: talento não tem idade. Alguém mais velho (ou mais novo) pode ou não ser eficiente, prestativo e dedicado.
O preconceito contra a idade, porém, está arraigado na nossa sociedade, sobretudo no ambiente corporativo. Ele se apoia em estereótipos que associam a passagem do tempo a declínio, lentidão e à perda de habilidades. Por vezes, os mais maduros sequer são considerados em um processo de seleção, apesar de terem os requisitos necessários ao cargo.
Recentemente esse tipo de preconceito ganhou um nome: etarismo. O etarismo é a discriminação dirigida a alguém que julgamos velho demais para alguns desafios, ideias ou comportamentos, descartando-os a priori.
No mercado de trabalho, o etarismo aparece na forma de atitudes, crenças e até políticas que dificultam ou impedem a contratação, promoção e a valorização de profissionais a partir de uma certa idade.
Para o bem e para o mal, os RHs estão no centro dessa questão. Ao definir cargos e salários, e dentro de uma posição, quais as responsabilidades, capacidades técnicas e tempo de experiência que o colaborador precisa ter minimamente nessa área, eles podem trabalhar para aumentar ou reduzir o etarismo.
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Um dos pontos básicos para combater esse mal é superar o estigma de que os níveis júnior, pleno e sênior estão vinculados a faixas etárias, como muitas organizações costumam fazer. O ideal é que todo profissional seja avaliado pela sua experiência e bagagem, e não pelo seu ano de nascimento.
Qual é a diferença entre desaposentação e reaposentação?
A desaposentação e a reaposentação são termos relacionados a processos envolvendo aposentadoria, mas têm significados diferentes. No caso da desaposentação, se refere a um processo em que um aposentado solicita a renúncia à sua aposentadoria.
Geralmente, isso ocorre quando o aposentado continua trabalhando e contribuindo para a Previdência Social. A intenção é recalcular o valor do benefício, levando em consideração as novas contribuições e aumentando assim o valor da aposentadoria.
Por outro lado, a reaposentação é um termo utilizado para o processo em que um aposentado solicita a renúncia à sua aposentadoria atual. Em seguida, volta a trabalhar e a contribuir para a Previdência Social com o objetivo de acumular novas contribuições e atingir os requisitos necessários para uma nova aposentadoria mais vantajosa.
Vale a pena desaposentar?
A realidade é que nem a desaposentação e tampouco a reaposentação são possíveis no ordenamento jurídico brasileiro. Pelo menos, por enquanto. Já existe um Projeto de Lei (PL 172/2014) tramitando no Senado Federal com a proposta de legalizar essas possibilidades.
Caso essa PL vire lei, ainda será necessário muito cuidado ao pensar em desaposentação ou reaposentação. Vale lembrar que o sistema previdenciário brasileiro é complexo e controverso. Sendo assim, as decisões e entendimentos sobre esses temas podem variar.
Sempre é recomendado consultar um advogado especializado em direito previdenciário para obter informações atualizadas e orientações adequadas para cada situação específica.
Quais podem ser os desafios da desaposentação?
Como dito no tópico anterior, a desaposentação não é reconhecida legalmente no Brasil. Mas é interessante mencionar alguns dos desafios que seriam enfrentados caso ela fosse viável. Entre os principais percalços discutidos em base teórica, podemos destacar:
Requisitos para uma nova aposentadoria
Para buscar uma nova aposentadoria mais vantajosa, o trabalhador precisaria atender aos requisitos legais estabelecidos, como idade mínima e tempo de contribuição. Um desafio seria garantir que o trabalhador cumpra esses requisitos antes de buscar a desaposentação.
Solução
Planejamento previdenciário adequado é essencial. O trabalhador deve ter conhecimento antecipado dos requisitos necessários para a nova aposentadoria e verificar se possui tempo de contribuição e idade suficientes para atingi-los antes de buscar qualquer renúncia ou solicitar uma nova aposentadoria.
Impacto financeiro
Ao renunciar à aposentadoria atual e buscar uma nova aposentadoria, o trabalhador pode enfrentar um período de transição em que não terá recebimento de benefícios previdenciários.
Solução
O trabalhador precisa considerar sua situação financeira e elaborar um plano para o período em que estará sem recebimento de benefícios. Isso pode incluir poupança prévia, planejamento de investimentos ou a busca de fontes alternativas de renda durante essa transição.
Riscos judiciais
A desaposentação não é reconhecida legalmente no Brasil, o que significa que buscar essa prática por meio de ações judiciais pode levar a riscos e incertezas legais.
Solução
É importante buscar a orientação de um advogado especializado em direito previdenciário para obter uma análise aprofundada da situação e avaliar as chances de sucesso em um processo judicial. O apoio de um profissional especializado pode ajudar a minimizar riscos e aumentar a compreensão dos aspectos legais envolvidos.
Planejamento financeiro de longo prazo
A desaposentação exige um planejamento financeiro de longo prazo, uma vez que o objetivo é buscar uma nova aposentadoria mais vantajosa.
Solução
O trabalhador deve realizar um planejamento financeiro abrangente e considerar diferentes cenários, levando em conta suas expectativas futuras, possíveis mudanças nas leis previdenciárias e as implicações de longo prazo da renúncia à aposentadoria atual.
Como melhorar uma aposentadoria concedida?
Felizmente, existem algumas estratégias que podem ser utilizadas para melhorar os rendimentos de uma aposentadoria que já foi concedida. Entre essas ações, podemos citar:
Tempo de contribuição
Verifique se todos os períodos de trabalho foram devidamente registrados e considerados para o cálculo da aposentadoria. Se houver períodos de contribuição faltantes, é possível realizar um processo de revisão para incluí-los.
Cálculo dos salários de contribuição
Confira se todos os salários de contribuição foram corretamente considerados no cálculo da média salarial utilizada para determinar o valor do benefício. Caso existam erros ou valores inconsistentes, é possível solicitar uma revisão.
Contribuições em atraso
Se houver períodos em que não houve contribuição para a Previdência Social, é possível realizar o pagamento das contribuições em atraso. Isso pode ser feito por meio do recolhimento das chamadas "contribuições em atraso" ou pela regularização do vínculo de emprego ou atividade autônoma junto ao INSS.
Planejamento financeiro complementar
Considere complementar sua aposentadoria com fontes adicionais de renda, como investimentos, previdência privada ou atividades remuneradas. Isso pode ajudar a garantir uma renda mais confortável durante a aposentadoria.
Diversidade é vantagem competitiva
Abrir-se para recrutar, contratar, treinar e apoiar os mais diferentes perfis de profissionais, como as pessoas com mais idade, traduz-se em vantagem competitiva para as organizações. Destaco, a seguir, alguns benefícios proporcionados pela diversidade e a inclusão nos times:
- engajamento — um espaço seguro para ideias e atitudes diversas garante que mais colaboradores se sintam encorajados a contribuir para o sucesso da empresa;
- credibilidade — o público e o mercado reconhecem e admiram as organizações que se preocupam em serem socialmente responsáveis, avançando nas boas práticas preconizadas pelo ESG;
- dinamismo — a pluralidade de perfis ajuda na construção de um clima estimulante de diálogo e aprendizado entre os profissionais, sobre os mais variados temas;
- tolerância — a convivência próxima e diária entre pessoas diferentes favorece a redução de preconceitos e o aumento do respeito por outros modos de pensar e agir;
- contemporaneidade — equipes diversificadas incentivam a organização a se manter alinhada a pautas globais como equidade e sustentabilidade, sem correr o risco de parar no tempo.
É bom também lembrar o óbvio: se tudo der certo, todos nós chegaremos à velhice. Valorizar os idosos como gostaríamos de ser valorizados futuramente é uma atitude ética e empática. Ou aceitaremos ser deixados de escanteio lá na frente, só porque não temos mais 20 e tantos anos?