As barreiras ainda existentes
Conforme a pesquisa, 69% das empresas reconhecem que não oferecem oportunidades equitativas para diferentes faixas etárias em seus ambientes de trabalho. A falta de letramento sobre etarismo e a ausência de conscientização nos ambientes corporativos são desafios que precisam ser superados.
“A inclusão geracional vai além da simples contratação de profissionais seniores; é necessário criar espaços saudáveis para a colaboração intergeracional e implementar programas de desenvolvimento que valorizem as habilidades e o conhecimento acumulado por esses profissionais ao longo dos anos”, afirma Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul.
Outro dado alarmante: 77% das empresas afirmam não possuir iniciativas voltadas para ampliar multigeracionalidade em seus processos seletivos. Isso afeta diretamente a competitividade das companhias, que perdem a oportunidade de integrar equipes mais diversas e inovadoras, enquanto os profissionais 50+ enfrentam a falta de reconhecimento por sua capacidade de adaptação e contribuição.
A intergeracionalidade é uma estratégia de negócios
“A inclusão, em qualquer forma, é um imperativo estratégico. O que algumas empresas ainda não perceberam é que a inclusão de profissionais seniores pode ser um diferencial competitivo. Companhias que apostam nas diferenças etária promovem uma troca de experiências única, em que inovação e sabedoria se complementam. Em um mercado que exige constante adaptação, talentos seniores têm muito a oferecer em termos de liderança, resiliência e visão de longo prazo", completa Mantovani.
A tendência de novos formatos de contratação para esses profissionais, como trabalhos por projeto, já demonstra sucesso. No entanto, é necessário um esforço maior para que essas iniciativas se consolidem e se tornem a norma.
Para lidar de forma eficaz com o etarismo e promover uma cultura de inclusão geracional, sugiro algumas ações que podem ser implementadas:
1. Programas de requalificação: Oferecer oportunidades de aprendizado contínuo para profissionais seniores, de modo que possam atualizar suas habilidades e acompanhar as inovações do mercado;
2. Políticas de contratação justas: Revisar processos de recrutamento e seleção para garantir que não haja vieses inconscientes, implementando práticas que valorizem multigeracionalidade;
3. Espaços de colaboração intergeracional: Incentivar o diálogo entre gerações, promovendo a troca de experiências e fortalecendo a cultura organizacional;
4. Acompanhamento do progresso: Estabelecer indicadores e acompanhar o impacto dessas políticas ao longo do tempo;
5. Mudança cultural: Incentivar uma cultura de respeito à longevidade, onde a experiência seja valorizada e os profissionais seniores sintam-se parte integrante da estratégia da empresa.
O mercado de trabalho brasileiro está apenas no início de sua jornada de conscientização sobre o etarismo. Felizmente, sinais de mudança começam a surgir. À medida que o envelhecimento da população global avança, as empresas que reconhecerem o valor das práticas anti-etaristas estarão à frente, isso é certo.
Profissionais com mais de 50 anos devem ser vistos como peças-chave no desenvolvimento de lideranças, na transmissão de conhecimentos e na construção de uma cultura organizacional mais inclusiva. Agora é o momento de refletirmos sobre as barreiras que ainda persistem e, mais importante, sobre as ações necessárias para superá-las.