Por Fernando Mantovani
Há tempos, o organograma de uma empresa ganhou flexibilidade. Isso porque cada organização passou a ter liberdade para encontrar sua própria dinâmica, de acordo com porte, segmento e tipo de negócio. Por exemplo, consultorias costumam ser mais horizontalizadas, ao passo que se você entrar em uma companhia fabril necessariamente encontrará uma estrutura mais verticalizada. Devido aos turnos e as áreas existentes, entre outras particularidades, em fábricas há sempre a necessidade de profissionais que representem a “cabeça” das operações.
Porém, independentemente da hierarquização do negócio, acredito que os líderes devam passar a se preocupar mais com a qualidade da comunicação. A necessidade se justifica pelo fato de que, hoje, as empresas possuem equipes de variadas gerações: baby boomers (nascidos entre 1945-1960), X (de 1961 a 1980), Y (de 1981 - 2000) e Z (nascidos em 2001), cada qual com suas particularidades, desejos e comportamentos.
Por razões óbvias, a tendência é que as gerações divirjam na forma de pensar e agir. Mas, com boa comunicação, é possível fazer com que as diferenças virem complementos e as relações se tornem mais fluídas, já que há a necessidade desse grupo dividir o ambiente, as tarefas e as responsabilidades. E, para auxiliar os gestores, compartilho sete sugestões:
- Elimine a cultura dos estereótipos – Considero um equívoco rotular um colaborador com base na geração a que ele pertence. Acredito que, independentemente da idade, todo profissional tem capacidade de evoluir, desde que exista vontade para isso. Então, trabalhe para que o time pense da mesma forma.
- Crie um canal de diálogo - Priorize o diálogo, sempre. Hoje, os profissionais têm mais necessidade de serem ouvidos e entender os motivos das ações. Então, faça valer o seu direito de discurso, mas demonstre abertura para ouvir e faça isso com sinceridade.
- Estimule a interação - Algumas organizações promovem programas internos nos quais, por exemplo, os mais jovens orientam os mais seniores sobre questões relacionadas à tecnologia, enquanto os veteranos auxiliam os novatos na resolução de dilemas sobre a carreira. Ações como essas tendem a estimular a empatia e eliminar as ameaças competitivas.
- Valorize a experiência - Diante de algum desafio da companhia, promova o encontro de diferentes gerações para que, juntos, decidam a melhor estratégia a seguir. Ao criar esse momento, é possível que surjam soluções inovadoras.
- Alinhe expectativas - Os profissionais tendem a se sentir mais seguros quando entendem os próprios direitos e deveres, e o que a empresa espera deles à frente do cargo. Não deixe também de estabelecer uma rotina de feedback claro e objetivo.
- Respeite as limitações - É possível, por exemplo, que alguns profissionais tenham mais dificuldade que outros quanto aos constantes avanços da tecnologia. Caso identifique esse perfil entre os membros do grupo, chame a pessoa para uma conversa de orientação, em particular, sem expor o cenário na frente dos demais.
- Engaje e motive - Poucos profissionais têm admitido a regra de fazer uma atividade por fazer. Eles precisam entender o propósito das ações e para onde a companhia está caminhando. Dessa forma, é preciso investir em ações que engajem e motivem.
Como eu disse, hoje, é possível flexibilizar na hierarquia, mas é impossível renunciar à boa comunicação. Pelo menos para as organizações interessadas em atrair e reter talentos, orquestrar a diversidade e otimizar a produtividade.
*Fernando Mantovani é diretor geral da Robert Half para a América do Sul